Por Luciana Ribeiro
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Nomes populares: carcará, caracará, carancho, gavião-carcará, caracaraí
Nome científico: Caracara plancus
Estado de conservação: “pouco preocupante” na lista vermelha da IUCN e sem classificação na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Imortalizado pela música de João do Vale e José Cândido, famosa na voz de Maria Bethânia, como um "pássaro malvado", o carcará é uma ave de rapina, tipo de pássaro vítima de inúmeros preconceitos. O nome "rapina" vem do verbo raptar e caracteriza aves carnívoras, que, em geral, são caçadoras, têm o bico curvo e afiado, garras fortes e excelentes visão e audição. Fazem parte desse grupo águias, falcões, gaviões, corujas, abutres e urubus.
O carcará pertence à família Falconidae e tem uma ampla distribuição, do sul dos Estados Unidos até a Argentina. Ocorre em todo o Brasil, principalmente no Sudeste e no Nordeste, exceto ao norte do rio Amazonas. Ali é encontrada outra espécie, muito semelhante ao carcará, o Caracara cheriway (carcará-do-norte). Vive em campos abertos, cerrados, borda de matas e até em centros urbanos. É visto tanto sozinho como em pequenos bandos.
É fácil reconhecer um carcará: ele tem um penacho preto no alto da cabeça branca, o peito é marrom com preto, num padrão "carijó", e a plumagem varia do marrom ao preto. Em voo, parece um urubu, mas é facilmente identificado por manchas claras nas pontas das asas.
O carcará passa muito tempo no chão e para isso tem patas longas, adaptadas à marcha. E na hora de ir aos céus ele se mostra um excelente voador e planador, que costuma acompanhar as correntes de ar ascendentes. À noite ou nas horas mais quentes do dia, pousa nos galhos mais altos, sob a copa das árvores.
Essa ave de rapina não é um predador especializado, mas um generalista oportunista, um verdadeiro onívoro, que se alimenta de quase tudo o que encontra: de animais vivos ou mortos (é comum vê-lo à beira de estradas, comendo animais atropelados) até lixo produzido por humanos. O carcará caça répteis e anfíbios, rouba filhotes de outras aves, come frutos e invertebrados em campos recém arados. Também se junta a urubus para comer carniça. Ou seja, pouca coisa não é comida para o carcará.
A comunicação entre o grupo ou entre um casal é feita por uma vocalização que dá origem ao seu nome popular. Para emitir esse chamado, o carcará, assim como outras espécies de aves de rapina, dobra o pescoço para trás, mantendo a cabeça sobe as costas.
O ninho do carcará é feito com galhos, mas não é raro ele usar o ninho de outras aves. A postura é de dois ou três ovos, que são chocados pelo casal por cerca de 28 dias. O filhote sai do ninho por volta dos três meses. Quando adulto, o carcará medirá cerca de 55 cm da cabeça à cauda e terá uma envergadura de 1m20.