
Por Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Nomes populares: ariranha, onça-d'água, lontra-gigante e lobo-do-rio
Nome científico: Pteronura brasiliensis
Estado de conservação: “em perigo” na lista vermelha da IUCN e “vulnerável” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Um único episódio pode determinar um estigma bastante equivocado para toda uma espécie. Em 1977, um garoto caiu no fosso das ariranhas no zoológico de Brasília. O sargento do Exército, Silvio Hollenbach, resolveu entrar no fosso para salvar o menino. As ariranhas, que já estavam nervosas com a presença do garoto e instintivamente protegiam seus filhotes recém-nascidos, atacaram o sargento com mordidas na perna. O garoto se salvou, mas o militar morreu três dias depois, vítima de infecção. Foi o que bastou para que as ariranhas passassem a ser consideradas animais perigosos e violentos. E a cicatriz dura até hoje.
Entretanto, este mamífero aquático que vive em pequenos grupos é pacífico por natureza. E uma vítima não só de julgamento errado dos homens, como da destruição de seu habitat e da caça. Para viver, a ariranha precisa de cursos d'água extremamente preservados e fartos de peixe. Assim, a poluição das águas, a perda de mata ciliar, a construção de hidrelétricas e a contaminação das águas pelo mercúrio usado em garimpos clandestinos são sérias ameaças à espécie.
E não é só isso. Além de ser caçada por causa de sua pele, atividade que foi legal no Brasil até o fim dos anos 1960 e que continua a ocorrer ilegalmente, também é abatida por pescadores, que a consideram uma "concorrente" na pesca.
A ariranha é um dos maiores carnívoros da América do Sul e a maior de todas as lontras. Ela ocorre desde o Equador até a Argentina. Ocupava as principais bacias hidrográficas do Brasil, mas hoje, por aqui, só é vista em algumas áreas do Pantanal e da Amazônia.
Ela é uma excelente nadadora, graças às patas curtas e espessas, com os dedos unidos por membranas, e à cauda comprida e achatada. Com isso, não é difícil para a ariranha capturar as presas que formam a base de sua alimentação: os peixes e os moluscos. Sua pelagem castanha apresentam manchas brancas no pescoço e no peito, que são como impressões digitais, cada uma tem a sua. Essa característica ajuda pesquisadores na identificação dos indivíduos. A gestação da ariranha dura cerca de 60 dias e ela costuma dar à luz de um a cinco filhotes.