
Por Luciana Ribeiro
lucianaribeiro@faunanews.com.br
Nomes populares: abelha nativa, abelha sem ferrão, abelha indígena
Nome científico: ordem Hymenóptera, sub-família Meliponinae, tribos Meliponini, Trigonini e Lestrimelitini; mais de 400 espécies
Estado de conservação: sem classificação na lista vermelha da IUCN e algumas espécies classificadas como “em perigo” na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
As chamadas abelhas sem ferrão, também conhecidas como abelhas nativas ou indígenas, têm o ferrão atrofiado e por isso não o usam para defesa. Muitas espécies são pouco agressivas e se adaptam bem ao manejo, produzindo um mel saboroso. Com isso são criadas com fins comerciais, fornecendo, além do mel, pólen, cerume (mistura de resina coletada das plantas com a cera que as abelhas secretam de seus abdomem), geoprópolis e os próprios enxames e também para exploração na educação ambiental e no turismo ecológico.
As abelhas nativas, ou meliponíneos, fazem parte da subfamília Meliponinae da família Apidae. Essa subfamília divide-se nas tribos Meliponini e Trigonini, que abrange 52 gêneros e mais de 300 espécies. As colônias de Melipona (da tribo Meliponini) têm entre 500 e 4 mil indivíduos e as de Trigona (da tribo Trigonini) variam de 300 a 80 mil abelhas. Elas ocorrem nas Américas do Sul e Central, África, Sudoeste da Ásia e Austrália. São nativas aqui no Brasil e encontradas em todos os biomas, cada um com suas espécies. O que acontece com frequência é espécies diferentes receberem um mesmo nome popular. Denominações como mirim, jandaíra, mandaçaia, mosquito e uruçu são comuns em todo o país, mas se referem a diferentes espécies conforme a localidade.
E muito mais que função comercial, as abelhas nativas têm um importante papel ecológico. Quando se movimentam sobre as flores em busca de pólen, as abelhas acabam promovendo a fertilização das plantas. Grande parte das espécies vegetais brasileiras dependem exclusivamente da polinização feita pelas abelhas sem ferrão para garantir sua propagação.
Esses insetos sociais vivem em colônias com uma rainha-mãe, várias gerações de operárias e machos. As operárias de meliponíneos vivem, em média, 35 dias. Diferente das Apis melliferas (abelha-europeia), as abelhas sem ferrão não armazenam seu mel em favos. Elas constroem seus ninhos em ocos de árvores, cupinzeiros e formigueiros abandonados e até mesmo em cavidades ou frestas existentes em estruturas criadas pelo homem, como assoalhos de madeira, postes, paredes, muros, caixas de força, armários e armazenam o mel em potes. Esses ninhos são grandes obras de arquitetura e organização. A entrada do ninho difere conforme a tribo. Enquanto na das Trigonini ela é um tubo de cerume com tamanho variável, na das Meliponini é um pequeno orifício no centro de uma estrutura raiada, feita de terra ou argila e resinas vegetais, com o formato de um vulcão.
As espécies mais comuns de abelhas sem ferrão criadas em cativeiro, até mesmo nas grandes cidades, são a uruçu-do-Nordeste (Melipona scutellaris), a uruçu-amarela (Melipona rufiventris), a jataí (Tetragonisca angustula), a jandaíra-do-Ceará (Melipona subnitida), a mandaçaia (Melipona quadrifasciata), a tiúba (Melipona compressipes) e a tiúba-amarela (Scaptotrigona xanthotricha). A criação de abelhas silvestres nativas é regulamentada pela Resolução Conama nº 346/2004, já que elas são parte da fauna silvestre brasileira.
Infelizmente, algumas das nossas abelhas sem ferrão constam da lista nacional oficial de espécies da fauna ameaçadas de extinção. É o caso da uruçu-negra (Melipona capixaba), que tem ocorrência restrita ao Estado do Espírito Santo; da tujuba (Melipona (Michmelia) rufiventris), também endêmica do Brasil e com ocorrência no Cerrado dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás e da uruçu (Melipona (Michmelia) scutellaris), encontrada na Mata Atlântica do Nordeste. Todas são endêmicas do Brasil e categorizadas como "em perigo".