
Por Luciana Ribeiro
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Em 2016 passaram por esta coluna 46 espécies. Da linda e ameaçada ararajuba ao nosso maior roedor, a capivara. Alguns desses animais encantam pela beleza, como o tucano, a rã-flecha-azul ou o gato-maracajá, outros impõem respeito pelo tamanho, como a baleia-franca e o jacaré-do-pantanal. Há aqueles sobre os quais pouco conhecemos, como o cachorro-vinagre e o tuco-tuco, os notadamente “trabalhadores”, como a abelha sem ferrão e o joão-de-barro, e os mais “ameaçadores”, como a jararaca-ilhoa e a piranha-vermelha.
Lendo e pesquisando sobre esses animais, aprendi a ver a beleza de um marsupial como a cuíca, passei a gostar ainda mais dos nossos símios, me tornei fã da anta e me encantei com cada um dos bichos sobre os quais escrevi.
Mas para mim, nenhum proporcionou uma experiência tão gratificante de pesquisa e redação quanto o morcego. O morcego é um animal que me causa pavor: vamos ser sinceros, aquela carinha dele é horrorosa e, ainda por cima, ele voa! Eu nem me preocupo se a espécie é hematófaga ou frugívora. Esse mamífero com asas me apavora e pronto.
E se é fácil escrevermos sobre o que admiramos, no meu caso sobre uma arara-canindé, por exemplo, já que os psitacídeos são os meus animais preferidos, é um desafio encararmos nossos medos. Mas se eu me propus a escrever uma coluna sobre bichos, não poderia passar o tempo todo fingindo que uma espécie tão importante assim nem existia. E lá fui eu pesquisar sobre o morcego, um animal que se mostra fascinante pela variedade de espécies, pela locomoção guiada por ultrassom, pelo cuidado das fêmeas com seus filhotes, pela enorme importância na dispersão de sementes e formação de florestas, até mesmo por ser tão assustador, presença frequente em filmes de terror.
O importante ao encarar o morcego foi ver que mesmo aquilo (ou aquelas pessoas, aquelas ideias…) que não gostamos pode ter seu lado bom, sua importância, sua beleza. Talvez seja difícil acreditar nisso num primeiro momento, mas, se pararmos para olhar com atenção e respeito, vamos acabar descobrindo coisas boas além daquilo que nos causa repulsa. Eu continuo com muito medo de morcegos, mas não quero que eles sejam exterminados da face da Terra e não quero nem mesmo que matem os que moram no forro da minha casa.
Num ano como 2016, o morcego foi fundamental.
Desejo a você, leitor do Fauna News, um ano novo cheio de realizações, harmonia e paz. E que possamos continuar aprendendo com as nossas espécies silvestres!