
A reabilitação e a soltura de animais apreendidos com traficantes ou em cativeiro doméstico ilegal não são tarefas fáceis e rotineiras no Brasil. O trabalho de recuperação é técnico e, dependendo da espécie, bastante demorado. Infelizmente, o poder público ainda não investe o suficiente nesse trabalho e, por isso, esse tipo de soltura ainda é pouca se pensarmos na quantidade de bichos recolhidos pelos órgãos de fiscalização.
O intercâmbio entre os órgãos ambientais dos Estados brasileiros e do Distrito Federal são fundamentais para que os animais voltem a seus habitat. É bastante comum que os bichos apreendidos sejam originários de regiões distantes, o que impede que sejam soltos na área onde foram encontrados por policiais e fiscais. Duas boas notícias mostram ser possível recuperar e devolver à vida livre as vítimas do tráfico de fauna.
“A tarde desta quarta-feira (4) foi de volta ao lar para 29 aves que estão sendo repatriadas para o estado pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins). Ao todo, são 27 periquitos e duas jandaias-verdadeiras apreendidos pela polícia de São Paulo em outubro de 2016 chegaram no Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues, em Palmas, e serão devolvidos à natureza.
Este é o primeiro lote de aves a ser repatriado. Até o fim deste mês, segundo o Naturatins, está prevista a chegada de um segundo lote com cerca de 100 papagaios. Ao todo foram apreendidas 164 aves pelas polícias Civil e Militar em São Paulo.
Ainda conforme o Naturatins, a apreensão ocorreu em Burgo Paulista (SP) após uma denúncia. Quando foi constatado que os animais eram da fauna tocantinense, o instituto entrou em contato com o Centro de Recuperação de Animais Silvestres (Cras-PET) do Parque Ecológico do Tietê e solicitou a repatriação.
"Uma reportagem falava que as aves eram oriundas do Tocantins. Foi então que entrei em contato com Cras e perguntei se as aves estavam com eles. Com a confirmação solicitei à repatriação, que foi aceita imediatamente", disse a supervisora da Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco.” – texto da matéria “Aves traficadas para São Paulo são apreendidas e devolvidas ao TO”, publicada em 4 de janeiro de 2017 pelo portal G1
O outro caso também envolveu São Paulo, mas desta vez os animais foram para Pernambuco.
“Apreendidas durante uma operação da polícia de São Paulo, 56 aves serão trazidas ao Recife na próxima quinta-feira (5). Após período no Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), elas serão soltas no Sertão de Pernambuco.
São 19 galos de campina, 19 papa-capim baianos, oito patativas, cinco cravinas, três sofrês e dois canções. Tais espécies são típicas do bioma da caatinga. As aves passarão por um período de avaliação, tratamento, recuperação e reabilitação antes da soltura. Elas virão em três caixas em um avião.
Segundo a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), este será o primeiro repatriamento de animais silvestres que o centro de triagem recebe do sudeste. Em 2016, o centro promoveu o repatriamento de 14 araras e dois tucanos, resgatados em ações de fiscalização no Macapá-AP.” – texto da matéria “Aves apreendidas em São Paulo serão soltas no Sertão de PE”, publicada em 4 de janeiro de 2017 pelo Portal IG
Os órgãos ambientais da União, dos Estados, do Distrito Federal deveriam estar conectados em um banco de dados nacional em que seria possível saber onde há animais apreendidos, suas espécies e, pelo menos, o bioma de origem quando não for possível identificar a exata região de sua captura. Dessa forma, seria muito mais eficiente repatriar as vítimas do tráfico de fauna.
Estamos tão atrasados nisso que a supervisora da Fauna do Naturatins, Grasiela Pacheco, ficou sabendo que animais de seu Estado, o Tocantins, estavam em São Paulo. Se houvesse uma forma de consulta para localização da fauna apreendida, os centros de triagem e de reabilitação de silvestres funcionariam bem melhor, pois teriam sua capacidade de atendimento aumentada e otimizada, evitando que muitas dessas instituições se transformem em depósitos de bichos.
Estamos engatinhando na gestão de fauna.
– Leia a matéria completa do portal G1
– Leia a matéria completa do portal IG