Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
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Um revólver calibre 38, uma espingarda calibre 12, uma espingarda calibre 20, três rifles calibre 22 e um rifle calibre 38. Para fazer tudo isso funcionar, 500 munições, além de 700 projéteis e 900 espoletas. O objetivo: caçar animais silvestres.
O dono de todo esse arsenal, um homem de 60 anos, foi preso às 23h40 de sábado (17 de abril) na rodovia PR-280, em Palmas (PR). Ele dirigia uma caminhonete quando foi abordado por policiais militares. Na caçamba do veículo, dois veados mortos. No banco de trás, a espingarda calibre 12.
Durante os esclarecimentos sobre a origem dos animais e da espingarda, o caçador afirmou ter mais armas em sua residência. No imóvel, os policiais encontraram o restante do armamento e as munições. O caso foi registrado na Delegacia de Palmas.
Enquanto isso, na Câmara dos Deputados, sete projetos de lei buscam liberar ou facilitar a prática da caça esportiva no país. Vale lembrar que, em maio de 2019, foi divulgado o resultado de uma pesquisa encomendada pela ONG WWF-Brasil ao Ibope constata que 93% dos entrevistados são contra a autorização da caça no país. E essa não foi a primeira pesquisa realizada sobre o tema. O próprio governo brasileiro, por meio do Ibama, encomendou uma em 2003. E o resultado foi que 90,8% dos brasileiros já eram contra a caça no país.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro facilita o acesso da população a armas. A última cartada do governo federal aconteceu em 12 de abril, quando quatro decretos sobre o tema foram alterados para permitir, por exemplo, que atiradores possam adquirir até 60 armas e caçadores até 30. A autorização do Exército seria obrigatória somente para compras de quantidades superiores a essas. A medida também tenta elevar a quantidade de munições, que passam a ser duas mil para armas de uso restrito e cinco mil para armas de uso permitido. As mudanças só não entraram em vigor porque a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar suspendendo partes dos decretos. O pedido partiu do PSB e a decisão ainda será analisada pelo plenário da corte.