As taxas anuais de desmatamento sobem e descem, mas a vegetação nativa da Amazônia, do Cerrado, do Pantanal e dos demais biomas segue desaparecendo sob a régua permissiva da lei e pelas inúmeras mãos do crime. Junto à derrocada de florestas e campos, a fauna sucumbe.
Os alarmantes focos de incêndio e hectares perdidos podem resultar em outras grandes vítimas: animais silvestres que perdem a morada ou a vida, como a onça-pintada, a anta, o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, o tatu-bola, o jacaré e as araras.
Para chamar a atenção da sociedade ao tema e pedir ações urgentes das autoridades públicas brasileiras, a ONG Proteção Animal Mundial (WPA, sigla em inglês) idealizou a música “Defaunação”, termo que remete ao esvaziamento da fauna em ambientes naturais.
A produção lançada ontem (17 de julho) tem letra de Carlos Rennó, composição de Péricles Cavalcanti, vozes e imagens de Ney Matogrosso, Zahy Tentehar, Frejat, Letrux e Mahmundi. Seus versos alertam para os riscos especialmente da agropecuária industrial, que causa imenso sofrimento a animais silvestres e de fazendas, como bovinos, aves e porcos, “criados como meras mercadorias e não como seres vivos”, diz a WPA.
O olhar de cada artista
O cantor Ney Matogrosso conta que despertou para a necessária proteção dos animais quando era adolescente ao acompanhar um grupo de caçadores na fazenda de seu avô. “Era algo considerado normal, caçar para comer”, diz.
“Mas os homens atiraram num bando de macacos e vi as mães tentando proteger os filhotes. Balearam também um gavião e fui acudir o animal, que estava com tanta dor que cravou a garra na minha mão e não tive coragem de tirar. Naquele momento, eu entendi tudo”, descreve Ney.
A cantora Mahmundi estreia em projetos em prol da vida silvestre. “Tem muita gente envolvida nessa música linda, animais participando com os sons. Eu sou suspeita porque amo música e amo bicho, então quando recebi esse convite foi uma benção”, destaca.
Para a atriz e cantora Zahy Tentehar, a canção desperta o lado lúdico das pessoas. Por isso, ela gostaria de se tornar um animal silvestre. “Uma ave, para voar longe, pousar numa árvore, ficar cantando. Voar é um negócio bonito, poder olhar do alto, ter uma visão ampla de tudo”, revela.
Isso tudo pode ajudar a despertar a curiosidade do público, avalia a cantora Letrux. “Minha sugestão é curtir a música, prestar atenção no nome dos animais e pesquisar sobre eles para aprender sobre a importância da preservação das espécies”, sugere.
Ao mesmo tempo, o músico Frejat pondera que “a visão do homem é egoísta e destrutiva”. “É importante lembrar que vivemos com milhares de outras espécies e que é necessário respeitar. Não estamos aqui sozinhos”, ressalta.