Por Paulo Henrique Demarchi
Formado em Administração e pós-graduado em Gestão Ambiental. É instrutor de Fiscalização Ambiental da Polícia Rodoviária Federal e membro do Grupo de Enfrentamento aos Crimes Ambientais da corporação
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Como policial rodoviário federal, me sinto muito à vontade para entrar no tema “queimada nas margens das rodovias”. Acho que todos compreendem o perigo que é para a segurança de trânsito, a fumaça e o fogo margeando rodovias: a fumaça atrapalha a visibilidade, que é um pilar essencial do trânsito, e o fogo pode trazer reações inesperadas aos motoristas, o que também é muito arriscado.
Realmente, é indiscutível que o risco de transitar em rodovia nessas condições é enorme. Todos os estudos e orientações vão nesse sentido.
Porém, muitos se perguntam se uma simples bituca de cigarro pode causar incêndio em mato seco, como é comum ocorrer nesta época do ano. Eu posso responder com segurança que uma bituca de cigarro colocada no mato seco dificilmente gera fogo. Contudo, o problema envolvendo o descarte de cigarro acesso não é tão simples assim.
O cigarro normalmente é jogado por um motorista ou passageiro de veículos que trafegam a uma velocidade média de 80 km/h. Nessa velocidade, a bituca começa a pegar fogo antes de encostar no solo, o que aumenta a possibilidade de ela causar um incêndio.
Bem, mas o que isso tem a ver com o tema de fauna silvestre?
É óbvio que muitos animais morrerão por causa do incêndio. Quem tiver oportunidade de entrar em uma mata recém-queimada, observará isso facilmente ao olhar para o chão.
Mas esse tipo de incêndio tem outro fator que amplia a mortalidade de fauna nativa e também aumenta os riscos de acidentes de trânsito. Após o fogo, muitos animais ficam feridos, desorientados e procuram áreas que não foram queimadas. Esse comportamento acaba transformando as rodovias em um local provável de deslocamento de animais desorientados. Desta forma, a Polícia Rodoviária Federal, como qualquer outra polícia rodoviária, sempre orienta que se evite dirigir em situações inseguras e que se transite com muito cuidado e atenção em rodovias com incêndios em suas margens ou que tenham áreas adjacentes recentemente queimadas, mesmo que não haja mais fogo ou fumaça.
O atropelamento de animais corresponde a um número muito grande de acidentes de trânsito e de um número considerável de morte de fauna silvestre. Todo cuidado é necessário quando se vai dirigir e essa atenção deve ser redobrada em locais que estão sofrendo ou sofreram com incêndios.