
Por Daniela de Almeida
Veterinária e agente da Polícia Federal da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do Rio de Janeiro
nalinhadefrente@faunanews.com.br
A foto de um artista ao lado de um simpático macaco em um momento glamoroso pode passar uma linda e mágica mensagem de interação homem-animal.
Obviamente, o animal silvestre é legalizado, pois a mídia não seria conivente com um crime ambiental. Porém, nem toda mensagem que um canal de comunicação tenta passar é recebida da forma como eles acham que passam.
Sou veterinária e policial federal, atuo no combate aos crimes ambientais e percebo que sempre que animais silvestres são utilizados em numa produção publicitária, jornalística e cinematográfica ou em programas de televisão, a procura pela espécie do animal exposta aumenta no mercado ilegal e, consequentemente, há um aquecimento no tráfico de fauna. Por mais que haja orientação quanto à aquisição de apenas bichos legalizados, na prática há o aumento da demanda de animais oriundos do tráfico.
Outro fator negativo dessa exposição é passar a ideia equivocada de que esses animais gostam do contato humano e de viver fora de seus habitat. Vestir animais silvestres com roupinhas e acessórios é uma forma de humanizá-los, além de transmitir o conceito de que eles podem ser felizes de forma harmoniosa num lar como se fossem espécimes domésticos. Essa é uma mensagem completamente deturpada já que a natureza deles é selvagem.
Na verdade, o que ocorre nessa relação é que os humanos são simples provedores de água e alimento, criando assim um vínculo de dependência – apesar de a pessoa acreditar que exista uma relação de amor desse animal com ela.
Não é incomum também haver abandonos devido ao comportamento selvagem do animal ou por causa da dedicação e dos custos necessários para criá-lo, assim como tem ocorrido com os animais domésticos que encontramos perambulando por aí.
Quando alguém realmente ama e respeita os animais silvestres, os deixa em paz em seu habitat natural para que vivam em liberdade, tenham contato com outros seres de sua própria espécie, se reproduzam e, assim, possam ser felizes ao expressarem seu verdadeiro comportamento natural.