Na Linha de Frente – A desculpa do cultural para manter absurdos e atrasar a evolução

28 de maio de 2019

Por Paulo Henrique Demarchi
Formado em Administração e pós-graduado em Gestão Ambiental. É instrutor de Fiscalização Ambiental da Polícia Rodoviária Federal e membro do Grupo de Enfrentamento aos Crimes Ambientais da corporação
nalinhadefrente@faunanews.com.br

Vivemos em um planeta que usa a desculpa de que algo é cultural para manter absurdos ou atrasar o avanço da humanidade.

Como profissional de segurança pública, ativo na área ecológica e participante assíduo de fóruns, workshops, audiências públicas e demais eventos de discussão sobre meio ambiente, já ouvi diversas justificativas com a expressão “ISSO É CULTURAL NO BRASIL” para defender crimes ambientais, absurdos contra outro seres vivos ou solicitar afrouxamento em fiscalizações.

No Brasil, se diz que briga de galo, aprisionamento de aves, caça, farra do boi, vaquejada, rodeio, mutilação de botos, uso de partes de animais como amuletos  e inúmeros outros absurdos são expressões culturais da população. Contudo, não podemos admitir que isso continue e, principalmente, que a desculpa de que isso um dia foi comum se mantenha nos discursos políticos dentro do Congresso.

A cultura muda. Ela é evolutiva . A humanidade já teve vários costumes culturais que hoje não são mais aceitos, pois mudamos nossa cultura e costumes.

A humanidade já teve como ato cultural o apedrejamento de pessoas que não se encaixavam no que se achava socialmente aceito. Já tivemos também sacrifícios humanos como forma de oferenda a deuses ou a objetos de adoração. Genocídios de povos inteiros foram realizados para estabelecer conquistas bélicas formam comuns no planeta e eram aceitas.

Acredito que daqui algumas décadas, olharemos para trás e perceberemos que a nossa realidade atual tinha elementos culturais que serão vistos como absurdos pelas futuras gerações. A prática de caça esportiva, a farra do boi, a captura de pássaros para criação em gaiolas e até mesmo a total ausência dos direitos dos animais em várias legislações ao redor do mundo serão consideradas barbaridades.

O que me consola, como uma pessoa que se preocupa com a vida de qualquer ser vivo, é que, mesmo sendo a passos lentos, estamos caminhando para um futuro melhor. Um futuro que respeitará qualquer ser vivo como um ser vivo deva ser verdadeiramente respeitado. Um futuro que extinguirá do Brasil e do mundo as rinhas de animais, os maus tratos como diversão popular e o aprisionamento de fauna para satisfação de egos de pessoas sociopatas.

Teremos muita luta até este momento chegar. Então, o que podemos fazer para acelerar esta futura realidade é continuar lutando, não se curvando à máxima do atraso “ISSO É CULTURAL”.

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