Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) deflagrou nesta quinta-feira, 17 de setembro, a operação Macaw, cujo objetivo é combater o crime de associação criminosa (quadrilha), lavagem de dinheiro e a prática de crimes contra o meio ambiente, como a guarda ilegal em cativeiro, maus tratos, comércio ilegal e tráfico de animais silvestres.
Foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão para 23 alvos nos municípios de Caratinga, Uberlândia, Sete Lagoas, Manhuaçu, Ribeirão das Neves, Caraí e Nova Friburgo (RJ). Até a tarde de hoje, três pessoas foram presas em flagrante por posse irregular de arma de fogo e foram apreendidos instrumentos utilizados para transporte de aves, gaiolas, celulares, notebooks e outros equipamentos eletrônicos. Também foram resgatados pássaros silvestres em cativeiro irregular, sendo que alguns deles estavam em situação de maus-tratos.
A ação também consistiu na apreensão de notas fiscais e outros documentos com indícios de ilegalidade, além da coleta de material genético de animais para verificação da origem. O objetivo é apurar se são animais criados em cativeiro ou se são animais “esquentados” para comercialização. Entre os animais alvos da fiscalização há micos-leões dourados, jacarés, araras, macacos-prego, tamanduás-mirim.” – trecho do texto de divulgação do Ministério Público de Minas Gerais
Diversos órgãos públicos participaram da ação.
Em nota divulgada mais tarde pela PM mineira, o número de presos subiu para cinco e o total de animas apreendidos chegou a 116. Chama a atenção o resgate de três micos-leões-dourados, primatas em perigo de extinção que habitam uma área específica do interior do Rio de Janeiro e quase desapareceram por conta, inclusive, do tráfico de fauna.
“A condução das investigações está sendo coordenada por Ana Paula Lima da Silva, promotora do Ministério Público de Minas Gerais em Caratinga. A cidade se localiza numa região rodeada por unidades de conservação, como Parque Estadual do Rio Doce e o Parque Nacional do Caparaó. “Foi a partir da apreensão de um tucano e 43 aves que construímos toda uma linha investigatória que culminou na operação de hoje. Constatou-se a existência de uma rede criminosa composta por várias pessoas, como médicos veterinários, advogados e até algumas personalidades conhecidas aqui da cidade de Caratinga”, conta a promotora.” – trecho da matéria “Operação em Minas mira tráfico de aves, répteis e mamíferos silvestres“, publicada em 17 de setembro de 2020 pela Agência Brasil
O envolvimento de criadouros comerciais legalizados está sendo investigado. Documentos de identificação falsificados estariam sendo utilizados para dar aparência legal para animais capturados na natureza e, dessa forma, enganar compradores.
Operações como essa são muito importantes para que o combate ao mercado ilegal de fauna não fique restrito à repressão a compradores e pequenos traficantes. Inteligência investigatória é necessária para chegar até bandidos mais graúdos e desarticular redes criminosas. Quando isso acontece, ainda que a legislação ambiental seja muito branda, outras atividades ilícitas com penalizações mais severas acabam sendo descobertas e uma parte dos bandidos acaba presa.
É um passo contra a conhecida impunidade reinante nos crimes contra a fauna.