Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Um mico-leão-dourado encontrado em um condomínio na Zona Leste da capital paulista irá receber um novo lar – o Zoológico de São Paulo. Ameaçado de extinção, o animal é nativo de uma pequena área de Mata Atlântica no Rio de Janeiro.
O mico foi encontrado no dia 11 de agosto em uma guarita do condomínio, perto de uma cerca elétrica. Os moradores ligaram para a Guarda Civil Ambiental, que foi resgatar o animal.
Após o resgate, o mico foi levado para o Centro de Triagem para Animais Silvestres da Prefeitura de São Paulo, que há quase 20 anos não recebia um exemplar da espécie. Ele chegou debilitado e com o pelo opaco.
Mais de três meses depois, ele se recuperou e está em boas condições de saúde para ser levado ao Zoológico.
Os veterinários e biólogos acreditam que ele seja uma vítima do tráfico de animais silvestres. (…)
No Zoológico, a equipe irá fazer exames do material biológico do animal para tentar traçar de onde exatamente ele veio. Hoje, a população estimada da espécie é de 2.500 micos.
Ainda não se sabe se este mico, um macho da espécie, poderá voltar à natureza. “Provavelmente esse animal foi retirado da natureza muito jovem e foi criado com pessoas, pode morrer de fome”, ponderou a bióloga da Fundação Zoológico de São Paulo, Mara Marques.
“Ele vai passar a contribuir no programa fora do seu ambiente. Ele vai ser provavelmente pareado com uma fêmea, e seus descendentes, assim que nascerem, podem ser colocados no programa de conservação para futuras ações de reintrodução”, disse a bióloga.” – texto da matéria “Ameaçado de extinção, mico-leão-dourado encontrado em condomínio da Zona Leste irá para Zoológico de SP”, publicada em 3 de dezembro de 2020 pelo portal G1
Em 27 de novembro, o Fauna News publicou a reportagem “Novos casos de tráfico de araras-azuis-grandes e micos-leões-dourados deixam ambientalistas em alerta”, em que relata o recente aumento dos casos de tráfico de micos-leões-dourados e o estado de alerta dos ambientalistas com o problema.
É quase certo que o mico a ser enviado ao zoológico seja vítima de traficantes que o capturaram no interior do estado do Rio de Janeiro, única região do mundo onde vivem esses animais. A outra possibilidade é o animal ter nascido em cativeiro, mas com certeza de pais tirados ilegalmente da natureza. De qualquer forma, esse pequeno primata não deveria estar fora de seu habitat: a mata atlântica fluminense.
Infelizmente, o pequeno mico passará o resto da vida em cativeiro, longe da floresta. Vale destacar que a legislação brasileira (parágrafo 1º do artigo 25 da Lei de Crimes Ambientais) determina que animais apreendidos devem ser prioritariamente devolvidos para a natureza antes de qualquer outra forma de destinação. O G1 não informa, mas, na matéria realizada pela TV Globo, Mara Marques afirma que o animal é muito manso (provavelmente pela convivência com humanos) e não sabe se alimentar na natureza. Por isso a opção por não soltá-lo.
Ao menos, ele terá um papel importante para salvar sua espécie da extinção por integrar um programa de conservação do Zoológico de São Paulo – que é sério.
É extremamente injusto quando os animais são destinados para zoológicos onde o cativeiro existe simplesmente para o entretenimento humano. E não são poucos no Brasil.