
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
A Proteção Animal Mundial está em plena campanha contra o comércio mundial de animais. A ONG considera que tanto o mercado legalizado de fauna quanto o tráfico de animais são perigosos para a saúde humana, além de cruéis.
A campanha #MeDeixaSerSelvagem tem como objetivos pressionar dirigentes do G-20 (grupo formado pelos países das principais economias do mundo) a banirem esse tipo de comércio e esclarecer a população sobre as diferentes formas como os animais selvagens são explorados como mercadorias, bem como os riscos de tais atividades transmitirem doenças – a Covid-19 está aí para reforçar essa ideia. Nesse trabalho, a Proteção Animal Mundial tem destacado os problemas da utilização da fauna silvestres pelos mercados de bichos de estimação, da moda (vestuário), de alimentação, de entretenimento a turistas e da chamada medicina tradicional. Na maioria dos casos, ações de caça estão envolvidas.
Entre as ferramentas de sensibilização da população, a Proteção Animal Mundial lançou um mapa interativo em que é possível conhecer um pouco do tipo de comércio de animais que predomina em algumas regiões do planeta e as grandes doenças enfrentadas pela humanidade no século XX que têm relação com a exploração da fauna, além do podcast Mega Animal, capitaneado pela jornalista Paulina Chamorro, com episódios sobre as diferentes formas de exploração dos animais selvagens.
Para a Cúpula de Líderes do G-20, a ser realizada virtualmente em 21 e 22 de novembro com a participação do governo brasileiro, a Proteção Animal Mundial tem recolhido assinaturas da população para um documento exigindo o fim do comércio mundial de animais silvestres. Ofícios com esse posicionamento foram enviados 31 de outubro para a Casa Civil e os ministérios da Economia, Relações Exteriores e Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A pandemia de Covid-19 tem de ser encarada como uma oportunidade para esclarecer governos e a população dos problemas relacionados à criação e ao comércio de animais silvestres. A doença que atingiu todo o planeta e está matando muita gente. Mas ela é apenas mais uma das inúmeras enfermidades que o avanço da devastação da natureza pela urbanização, industrialização, expansão das fronteiras agrícolas e da pecuária, além de ações como a caça e o tráfico de fauna, tem acometido as pessoas.
Infelizmente, a sociedade humana ainda não aprendeu respeitar as outras formas de vida simplesmente pelo direito de viver que elas têm; pelo direito de desfrutar de ecossistemas conservados e saudáveis. Ainda encaramos a Terra como um planeta que existe para servir aos Homo sapiens. Enquanto o sofrimento ficava restrito aos animais de outras espécies, seguimos com nossos nada saudáveis hábitos e costumes.
Agora, fomos obrigados a parar para, durante o combate à Covid-19, entender o quanto somos vulneráveis e fazemos parte de um sistema. Não vamos conseguir sobreviver de forma isolada.
A pergunta que não consigo responder é: vamos mudar?