“Manejo de fauna, manejo de gente”: um artigo que deve ser lido

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
20 de março de 2012
Silvio Marchini / Foto: Arquivo pessoal

Em 14 de março de 2012, li o artigo “Manejo de fauna, manejo de gente”, do doutor em Conservação da Vida Silvestre, fundador da Escola da Amazônia e membro do Instituto Pró-Carnívoros, Silvio Marchini. No final do texto publicado pelo site O Eco, fiquei com aquela sensação de que fazia tempo que estava precisando ler algo do tipo. Texto claro, objetivo e esclarecedor.

“Os problemas que a conservação e manejo da fauna silvestre se propõem a resolver não são, em última análise, problemas com a fauna e sim, problemas com as pessoas.” – texto de Marchini

Esse é o espírito do artigo. Afinal, quando os profissionais da área da conservação estão em campo, por exemplo, o que eles enfrentam são problemas causados pelo relacionamento do contato das pessoas com os animais silvestres. É assim com as onças do Pantanal, muita vezes perseguidas e mortas por fazendeiros que pretendem defender o gado dos ataques desses felinos.

“A resolução desses problemas, portanto, vai além do escopo das ciências biológicas e deveria levar em conta o que as pessoas envolvidas pensam e fazem. No entanto, os profissionais dedicados à conservação e manejo da fauna silvestre geralmente não são treinados para pesquisar, entender e influenciar pensamentos e ações humanos; na universidade, continuam tendo como referência os livros-textos de Biologia da Conservação e, por força das circunstâncias, acabam fazendo ao longo da carreira o papel do cientista social, do antropólogo, do relações públicas e do comunicador, com base muito mais na intuição do que no extenso e sólido corpo teórico e de resultados empíricos por trás de cada uma dessas disciplinas.” – texto de Marchini

Cabeça de onça encontrada pelo Ibama em fazenda no Pará (2011)
Foto: Rogério Melo/Ibama

Cabe então, nos processos de elaboração de projetos conservacionistas e de políticas públicas de conservação da fauna silvestres (isso quando existir uma), considerar o envolvimento de profissionais que vão além da biologia. Antropólogos, cientistas sociais, jornalistas e tantos outros especialistas devem ser peças integrantes para tratar de cada caso com a abrangência que merece e todos os seus stakeholders (atores sociais de cada cenário trabalhado).

“Para o manejo de um predador de grande porte em uma área povoada,
talvez tão importante quanto o conceito de capacidade de suporte
biológico deva ser o conceito de capacidade de suporte cultural; não
basta descobrir que o habitat naquela área comporta 10 onças-pardas
adultas, por exemplo, se as pessoas que também vivem naquela área só
tolerarem um décimo dessa abundância.”
– texto de Marchini

Capacidade de suporte cultural. Conceito que deve ser levado em conta.

– Leia o artigo completo de Silvio Marchini

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Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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