Mais uma vítima da queima da palha da cana

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
22 de maio de 2012
A antiquada prática da queima da palha da cana-de-açúcar contrasta com a propaganda do etanol como combustível sustentável. Pode ser menos poluente para a atmosfera no momento de sua queima nos motores, mas seu processo de produção ainda deixa a desejar.

As lavouras não mecanizadas ou pouco mecanizadas ainda utilizam a queima da palha da cana como parte do processo de colheita. O processo é economicamente arcaico e de visão administrativa de curto prazo, afinal o solo empobrece com os incêndios agrícolas obrigando mais investimentos em insumos.

Canavial em chamas: temperatura chega a 800°C

Ambientalmente, o processo é um desastre. Primeiramente por depor contra a intenção do uso do etanol como combustível menos poluente, afinal de contas as queimadas lançam gases e também prejudicam a saúde dos moradores de muitas cidades vizinhas das propriedades rurais.

Outro motivo é o impacto que essas queimadas causam na fauna silvestres. Os animais acabam mortos e feridos pelos incêndios agrícolas que se alastram com extrema velocidades e atingem temperaturas de 800°C.

“Policiais da PMA (Policia Militar Ambiental) recolheram um filhote de “gato-do-mato” ferido durante queimada de um canavial, em Naviraí.

Gato-do-mato queimado

Foto: Divulgação PMA/MS

De acordo com a Polícia, o animal silvestre foi encontrado com vários ferimentos provocados por queimaduras nas orelhas e os olhos e, possivelmente, poderá ficar cego. As pessoas que acionaram a PMA suspeitam de que o animal fora ferido durante a queima da palhada de um canavial.” – texto da matéria “PMA recolhe filhote de gato-do-mato ferido em incêndio em Naviraí”, publicada em 14 de maio de 2012 pelo site Campo Grande News

A imprensa pouco noticia essa tragédia, e quando o faz, o faz com incompetência assustadora, afinal é comum ficarem sempre no registro do fato, sem contextualizar o problema. No caso da matéria do Campo Grande News, há ainda uma aparente contradição.

O texto informa que o animal POSSIVELMENTE ficará cego, mas, no parágrafo final, o site afirma:

“O filhote foi encaminhado ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande, para ter os ferimentos tratados e a POSSÍVEL reintrodução na natureza.”

Gostaria de saber o que é realmente POSSÍVEL: o animal ficar cego ou voltar para a natureza? Parte da imprensa ainda trata os temas ligados a animais silvestres com a mesma falta de comprometimento do poder público.

– Leia a matéria completa do Campo Grande News
– Releia o post do Fauna News “A dolorosa morte de animais pelo fogo agrícola… e o fim das queimadas nos canaviais paulistas só ocorrerá em 2017”, de 13 de julho de 2011

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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