
Por Dimas Marques
Jornalista, pesquisador do Diversitas-USP e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
Policiais rodoviários federais receberam denúncia e encontraram 202 jabutis em cativeiro em Sergipe. A imprensa publicou o caso, mas ninguém explicou: o infrator vendia os animais ou era um acumulador?
“Um idoso foi detido no final da tarde desta segunda-feira (27) em uma operação conjunta da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ibama no Povoado Pulga, em São Cristóvão (SE).
De acordo com a PRF, os agentes federais foram informados de que mais de duzentos animais silvestres estavam em um cativeiro ilegal. No local, os fiscalizadores confirmaram que havia 202 Jabutis-Piranga armazenados de forma irregular e sem a devida licença ambiental. Os agentes também constataram que dois desses animais já estavam mortos.
A ocorrência foi encaminhada ao Ibama para as devidas medidas administrativas e penais. O valor da multa aplicada resultou em R$ 1.010 milhão.” – texto da matéria “Idoso é detido por criação de mais de 200 jabutis em cativeiro”, publicada em 28 de agosto de 2018 pelo portal G1
O caso torna-se inusitado pela quantidade de animais em cativeiro e não pelo fato de serem jabutis as vítimas. Afinal, não é incomum encontrarmos esses répteis sendo criados ilegalmente nas residências brasileiras. Entre as inúmeras crenças populares, há a que afirma que manter um jabuti durante a noite debaixo da cama de quem sofre de asma ou bronquite cura a doença.
Crendices como essa incentiva muito o comércio ilegal de animais silvestres e suas partes. Na África, rinocerontes são mortos para a extração de seus chifres que são considerados remédio para inúmeras doenças no Vietnã e China, por exemplo. O quilo do chifre no mercado negro custa mais que o quilo de ouro e, por isso, esses animais estão sendo dizimados.
Ficou faltando informar se essa pessoa detida era um traficante de fauna.
Seria também muito interessante para ajudar a população a ter noção da dimensão do problema envolvendo esses jabutis que a imprensa acompanhasse a destinação desses animais. Em tese, todos têm de ser levados para um centro de triagem de animais silvestres (Cetas), onde deveriam ser examinados para que, sem seguida, se dar um destino: soltura ou projeto de reabilitação. Mas, será que o poder público (Ibama e estado de Sergipe) tem estrutura e condições para dar um atendimento adequado aos répteis apreendidos?
Isso ninguém mostra para as pessoas.
E não foi só o G1 que deixou a desejar. Não encontramos qualquer notícia com uma cobertura um pouco melhor sopbre o ocorrido.
– Leia a matéria completa do portal G1
– Saiba mais sobre a caça de rinocerontes (reportagem da revista Horizonte Geográfico)