Macaco-prego com fralda é resgatado em rua de Dourados (MS)

Um macaco-prego (Sapajus apella) usando fralda foi resgatado na noite do dia 13, quinta-feira, no bairro Santa Rosa, em Dourados (MS). Ele estava preso em uma árvore pelo fato da corda que estava amarrada em seu corpo ter se enroscado a um galho. O animal, que provavelmente era criado como bicho de estimação e fugiu, foi levado para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), na capital do Estado.

O macaco foi localizado por um morador do bairro, que acionou a PM Ambiental. Uma equipe do Corpo de Bombeiros também foi ao local e serrou o galho da árvore para conseguir, com ajuda de um puçá (instrumento que tem uma rede), capturar o animal. Como todo o movimento e a presença de pessoas, o animal estava bastante estressado.

O pequeno primata é mais uma vítima do tráfico de fauna.

Macaco não é pet
Em 2021, a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr) – entidade que congrega cientistas e especialistas em primatas – lançou a campanha “Eu Não Sou Pet”.

Em entrevista para o Fauna News, o então presidente da SBPr, Gustavo Canale, afirmou que “a intenção da campanha é muito mais de esclarecimento para que a população tenha informações mais qualificadas a respeito da crueldade que é a manutenção de macacos como pet do que de combate a posicionamentos específicos”. O principal objetivo era desestimular as pessoas a terem esse tipo de animal como bicho de estimação.

A SBPr é contra a manutenção de primatas como pets por concluir, ao longo de anos de pesquisas, que esses animais entram em sofrimento profundo quando mantidos em cativeiro. “Enquanto seres sociais, os primatas necessitam da convivência com indivíduos da mesma espécie para se desenvolverem na sua plenitude. Quando isso não acontece, passam a desenvolver comportamentos estereotipados, agressivos, podendo até levar à morte em casos extremos de estresse”, elucidou Canale, que é biólogo e trabalha com macacos há mais de 20 anos.

Esses comportamentos também foram mencionados pelo primatologista e professor na Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabiano Rodrigues de Melo. “Todo animal selvagem tem um risco intrínseco de provocar acidentes em casa por comportamentos imprevisíveis. Podem causar ferimentos graves, colocar em risco a vida das pessoas que cuidam deles, transmitir doenças, assim como nós também podemos transmitir doenças a eles”. Um exemplo que chama atenção é o caso da herpes humana, enfermidade fatal para a maioria dos primatas neotropicais.

Na maioria das vezes, os macacos adquiridos para serem pets, seja de criadouros comerciais legalizados ou de traficantes de fauna, chegam na casa das pessoas ainda filhotes e conforme vão atingindo a maturidade sexual seu comportamento muda, gerando territorialidade e agressividade. Assim, macacos que, no início são criados soltos em casa, acabam sendo isolados, acorrentados nos fundos dos imóveis ou presos dentro de gaiolas. Quando não, vendidos ou abandonados.