Macaco-prego albino é vítima de um hábito cruel

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
20 de junho de 2011
Xerimbabo. Na língua tupi a palavra quer dizer “coisa muito querida” e é utilizada pelos indígenas para designar animais silvestres tratados como bichos de estimação. O hábito faz parte da cultura desses povos que mantêm soltos nas aldeias araras, papagaios, periquitos, primatas e vários outros tipos de animais. Nunca se tentava domesticar as espécies, mas sim os espécimes. Lógico que, com o contato com a cultura do “homem branco”, muito tem mudado.

Mas esse costume se misturou com o também antigo hábito da civilização européia que, desde a Idade Média, cria animais silvestres, seja como pet seja como mercadoria ou fonte de alimento. A mistura dessas tradições forjou um forte traço na vida dos brasileiros, que gostam de criar silvestres como aves e macacos em suas residências.

E justamente esse hábito sustenta o tráfico de animais e mostra o quanto se pode maltratar um bicho pelo prazer egoísta de mantê-lo próximo. E não há exagero nenhum nessa afirmação.

Na sexta-feira, dia 17 de junho, o portal G1 e o blog Planeta Bicho, do site Globo Rural, publicaram a apreensão pelo Ibama do Pará de um macaco-prego albino resgatado de uma casa abandonada no município de Breves. O animal é “um macho adulto que foi vítima de maus-tratos ao longo da vida. Além da magreza resultante de anos de alimentação inadequada, o macaco teve a cauda cortada e as presas serradas”, informa o Planeta Bicho.

O macaco teve a cauda cortada e as presas serradas

Foto: Nelson Feitosa – Ibama/Divulgação

Na mesma matéria consta que o macaco teria sido abandonado por quem o mantinha em cativeiro. “É comum espécimes silvestres serem criados ilegalmente enquanto são filhotes e não dão problema. Depois, quando se tornam adultos e inconvenientes, são descartados em qualquer lugar, como se não tivessem valor”, explica o superintendente-substituto do Ibama no Pará, Alex Lacerda, que agora analisa o melhor destino para a rara espécie albina.”


“O albinismo é um distúrbio genético em que o indivíduo fica sem pigmentação na pele. Animais albinos não costumam sobreviver por muito na natureza porque não têm proteção natural contra o sol e porque a cor clara os torna presa mais fácil.”
– texto da matéria do G1.

Por conta dessa raridade, muitos zoológicos já teriam se prontificado a receber o animal. O Ibama está analisando os pedidos para decidir o melhor destino ao macaco.

Saiba que o tráfico de animais…

… é a terceira atividade ilegal mais rentável do mundo (atrás do tráfico de drogas e do comércio ilegal de armas): entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano, sendo o Brasil responsável por uma fatia que varia de 5% a 15% do total;
… é a segunda causa da perda de biodiversidade (atrás da perda de hábitat).

– Dependendo da fonte consultada, o número de animais silvestres retirados da natureza no Brasil, por ano, é 12 milhões ou 38 milhões;

– Entre 60% e 70% do comércio ilegal de animais silvestres no Brasil é voltado para abastecer o mercado interno: estima-se que de dois a quatro milhões de animais silvestres vivam em cativeiros particulares;
– Estima-se que 95% do comércio de animais silvestres no Brasil seja ilegal;
– Há pesquisas que apontam haver 60 milhões de brasileiros criando espécimes da fauna nativa em suas residências.

– Leia a matéria do portal G1 sobre o caso.
– Leia a matéria do blog Planeta Bicho.

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Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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