Lixo e fauna: aves acabam mutiladas por causa de detritos usados para construir ninhos

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
11 de abril de 2011
O que o lixo que produzimos tem a ver com a vida de animais silvestres?

A resposta a essa pergunta só pode ser uma: os detritos produzidos pelos homens tem MUITO a ver com a sobrevivência da fauna. Dessa vez não vou me basear no conhecido exemplo das tartarugas marinhas que comem sacos plásticos imaginando se tratar de águas-vivas. Também não vou dar detalhes da invasão de ursos em cidades dos Estados Unidos e Canadá a procura de alimentos nas latas de lixo das residências. Esses casos são rotineiramente divulgados pela imprensa e em documentários, mas, para muitos brasileiros, essa realidade parece distante.

Para trazer o problema um pouco mais próximo do cotidiano dos que residem em cidades, e com isso tentar conscientizar um pouco sobre a necessidade de tratar com mais cuidado os detritos que produzimos diariamente, vou abordar uma informação divulgada pela Associação Mata Ciliar.


Maracanã com perna enfaixada no Cras

No mês de março, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da associação, em Jundiaí (SP), recebeu 10 maritacas (Aratinga leucophthalmus) machucadas e debilitadas por causa do lixo – cinco morreram.

“Como a época de reprodução das maritacas ocorre principalmente no final do ano, agora é um período no qual os filhotes começam a sair do ninho.


O grande problema é que alguns não conseguem pois os ninhos são, geralmente, feitos de lixo, afirma a bióloga Marília Giorgete. Normalmente feitos com linhas, fitas adesivas, pedaços de plásticos e tudo mais o que encontram no meio urbano, as maritacas põem seus ovos nesses ninhos e, quando o filhote nasce, ficam com suas pernas presas e/ou grudadas.


Muitas vezes, segundo a bióloga, os pais acabam abandonando os filhotes que não saem do ninho, por isso muitos são encontrados em forros de casas, presos e sozinhos, o que traz sérias consequências. “Por estarem com os membros presos ao lixo, os filhotes não conseguem sair. Quando são trazidos à Mata, estão muito debilitados, até mesmo por falta de comida, e precisam passar por cirurgia para retirada do membro”, lamenta Marília.” (texto do site da Associação Mata Ciliar)

As maritacas, hoje muito comuns nas cidades, são encontradas praticamente em todo o Brasil – principalmente na região Sudeste. Dentre seus inúmeros nomes populares, ela também é conhecida como periquitão-maracanã.

Apesar de não estar classificada como ameaçada de extinção, as maritacas têm sido alvo dos traficantes de animais. Sua captura para o comércio ilegal e a perda de hábitat tem contribuído para a redução da população dessas aves. Mesmo com uma grande capacidade de adaptação ao ambiente urbano, elas agora também estão sendo vítimas do lixo.

Agora você já sabe como sua produção diária de detritos pode ocasionar também aos animais. Lembre-se: o problema do lixo não afeta apenas a sua vida (doenças, enchentes, contaminação do solo, poluição de rios e do mar, etc); mas também a vida animal. Reduza o consumo e a produção de detritos, reutilize o que for possível e contribua com a reciclagem.

– Saiba mais sobre a Associação Mata Ciliar.
– Leia o texto “Maritacas chegam ao Cras debilitadas pelo lixo”, da Associação Mata Ciliar.
– Conheça a maritaca (site Wikiaves).
– Informe-se sobre o problema do lixo (site do Cempre – Compromisso Empresarial com a Reciclagem).

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Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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