Lista Vermelha da IUCN completa 60 anos

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação das Espécies (IUCN, na sigla em inglês) completou 60 anos. A data foi celebrada no final de outubro e início de novembro durante a 16ª Conferência das Partes da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), em Cali, na Colômbia. A lista, que é utilizada por agências governamentais, departamentos de vida selvagem, ONGs, instituições acadêmicas e outros setores dedicados à conservação da vida silvestre, é um indicador crítico do estado de conservação da biodiversidade mundial.

A primeira edição da Lista Vermelha da IUCN foi lançada em 1964, contendo apenas mamíferos e pássaros. Ao longo de 60 anos, tornou-se a fonte de informação mais abrangente do mundo sobre o status global de risco de extinção de espécies de animais, fungos e plantas.

Atualmente, a lista conta com aproximadamente 166 mil espécies. São mais de 46.300 ameaçadas de extinção, incluindo 44% dos recifes de corais, 41% dos anfíbios, 38% das árvores, 37% dos tubarões e raias, 34% das espécies vegetais coníferas, 26% dos mamíferos, 26% dos peixes de água doce e 12% das aves.

A Lista Vermelha é uma publicação da União Internacional para Conservação da Natureza ( International Union of Conservation of Nature, em inglês). A entidade, criada em 1948, é a primeira e maior união ambiental global. Atualmente, a instituição conta com cerca de 1.400 membros espalhados em mais de 160 países, contando com mais de 15 mil especialistas voluntários e sede em 50 países.

Para avaliação do status de conservação das espécies, existem os grupos especialistas. A presidente da Iniciativa Nacional para a Conservação das Antas Brasileiras (Incab), Patrícia Medici, assumiu a presidência do grupo especialista de antas há 25 anos, contribuindo para a conservação das quatro espécies de anta existentes (três na América Latina e uma no sudeste asiático). Patrícia avalia que a Lista Vermelha é uma ferramenta de extrema importância para o entendimento do status de conservação das espécies na natureza.

“Essa avaliação permite o desenvolvimento de estratégias mais assertivas para a conservação dos animais. Assim, conseguimos tomar decisões mais realistas, pautadas em dados como qual a porcentagem remanescente de hábitat que a espécie necessita para viver, quais as ameaças estão levando determinada espécie à extinção. Sem estas informações reunidas, é impossível pensar em medidas efetivas”, completou.

Participação de brasileiros na IUCN

O comitê brasileiro é formado por 20 organizações, sendo o maior da América Latina com representação na IUCN. Quem está na atual presidência é a diretora de relações institucionais do Instituto Ekos Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, que considera imprescindível a participação efetiva de brasileiros na instituição.

Muitas das decisões da IUCN são tomadas ouvindo os membros participantes. Quanto mais o Brasil for representado nesse cenário, mais influência teremos para a conservação das espécies do nosso país”, reforçou.

Campanha nas redes sociais evidencia a importância da Lista

A IUCN lançou uma campanha em suas redes sociais, com duração de um ano, para aumentar a conscientização e arrecadar fundos para acelerar avaliações e reavaliações de espécies. O encerramento será no Congresso Mundial de Conservação da IUCN, em Abu Dhabi, em outubro de 2025.

Um dos pontos tratados na campanha é aumentar as avaliações para, pelo menos, 260 mil espécies e reavaliar 142 mil delas para que os especialistas possam compreender os efeitos que as ações humanas e as mudanças climáticas têm exercido sobre a biodiversidade mundial.