IUCN indica novas áreas para conservação de mamíferos marinhos

A União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) mapeou 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos no Atlântico Sul Ocidental. Os cientistas trabalharam em um trecho marinho entre as Guianas, no norte da Amazônia brasileira, até a Terra do Fogo, na Argentina. Atualmente, existem 242 dessas áreas reconhecidas no planeta, a maioria no Hemisfério Sul.

As Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos são hábitats importantes para espécies de mamíferos marinhos que tenham potencial para serem delimitadas e manejadas para a sua conservação. Elas não são áreas oficialmente protegidas, como as unidades de conservação brasileiras, mas fornecem indicativos para proteção desses animais e seus ecossistemas com base em trabalhos científicos.

A delimitação dessas áreas foi baseada em um processo que integrou 31 pesquisadores de mamíferos marinhos da região. Eles avaliaram 112 áreas de interesse preliminares durante um ano de trabalho. A seleção levou em conta evidências científicas e mapeamentos detalhados dos trechos do oceano e das espécies que ocorrem em cada região.

Dentre as áreas selecionadas, duas brasileiras são de extrema importância: Abrolhos (BA), que possui uma imensa biodiversidade de fauna marinha, com destaque por ser berçário de reprodução das baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) no Atlântico Sul, e a região do Albardão, no extremo sul do Rio Grande do Sul. Essa segunda região abriga a toninha (Pontoporia blainvillei), cetáceo endêmico do Atlântico Sul Ocidental e listado como “criticamente em perigo de extinção (CR)”, além do boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus), com distribuição muito restrita entre o Rio Grande do Sul e norte da Argentina.

Informação para tomada de decisão do poder público

De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Institucional do Instituto Baleia Jubarte, José Truda Palazzo Jr., o processo de definição das Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos se assemelha ao da definição, pelo Ministério do Meio Ambiente, de Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade. “Reunimos a melhor informação científica sobre quais espaços geográficos são mais relevantes para a conservação dos mamíferos marinhos, cabendo às autoridades nacionais e aos organismos internacionais decidir o que vão fazer com essa informação. Muitas das áreas podem e devem ser priorizadas para criar ou expandir unidades de conservação, por exemplo”.

Esse reconhecimento internacional das áreas auxilia na fixação de ações prioritárias para conservação, assim como promover a cooperação e a destinação de investimentos para pesquisas científicas.

A iniciativa de definição das Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos vem de uma parceria entre a Força-Tarefa Conjunta de Áreas Protegidas e Mamíferos Marinhos das Comissões de Sobrevivência das Espécies e de Áreas Protegidas da IUCN, o Instituto de Pesquisa Tethys e a Whale and Dolphin Conservation (WDC). Um artigo recente publicado detalha o trabalho desta força-tarefa (2016-2022).