
“Seis cabeças de onça dentro de um freezer foram encontradas numa operação de busca da Polícia Militar do Pará, nesta sexta-feira (26), no município de Curionópolis (a 800 km de Belém), sob suspeita de que se destinariam a um esquema de venda de partes de animais silvestres.
Além das cabeças no freezer, a PM encontrou também cinco rolos de pele de onça pintada, quatro crânios de onças, oito pássaros de espécie nativa, seis canários, um crânio de jacaré, nove gaiolas e diversas patas de onças. As informações são da Secretaria de Segurança Pública do Pará. Curionópolis fica no sudeste do Pará e integra a região conhecida como Amazônia Legal.
As buscas tiveram a participação de cerca de 30 policiais militares e começaram depois que, durante a revista em um veículo, foram encontrados armamentos. A pista levou a PM uma serralheria que, na parte de trás, tinha três residências com material ilegal.” – texto da matéria “Cabeças de onças para venda são encontradas dentro de freezer no Pará”, publicada em 26 de agosto de 2016 pelo site do jornal Folha de S. Paulo
Três pessoas foram detidas na ação policial. Se ficarem presas será por causa das armas e não por matar animais de espécies ameaçadas, afinal, a caça e o comércio ilegal de animais silvestres não são punidos com cadeia no Brasil – as penas são tão baixas que ninguém fica preso por esses crimes.
Seria ingenuidade esperar que a Polícia Civil do Pará investigue com seriedade o caso? Será que os policiais vão identificar quem caça, quem armazena, quem vende e quem compra?
Ou vão juntar-se àquele tipo de autoridade que considera crimes ambientais, principalmente contra animais, algo sem importância?
A imprensa também ajuda a manter tal cultura no Brasil. Com certeza, a caça das onças só foi parar nas páginas do maior jornal diário de circulação nacional do Brasil (Folha de S. Paulo) por conta da bizarrice do caso: cabeças de onças em freezer. Não é todo dia que isso é encontrado.
Mas todo dia onças são caçadas no Brasil. E não só as onças. Uma infinidade de animais das mais diversas espécies morre com tiros e em armadilhas; outra infinidade perde a liberdade em gaiolas, jaulas, poleiros e correntes e por aí vai. E a Folha (leia-se “imprensa brasileira”) publica só quando ocorrem bizarrices e trata os casos com a “profundidade de um pires”.
Lamentável.