
“Na manhã desta terça-feira (26), uma equipe da Polícia Militar Ambiental autuou dois homens por manter pássaros silvestres em cativeiro sem autorização e outro por caçar na cidade de Bauru.
As três ocorrências, apesar de serem flagradas nos extremos do município, demonstraram as mesmas características, pelo desrespeito aos animais e às leis ambientais.
O primeiro flagrante foi no Núcleo Geisel. Policiais ambientais visualizaram um homem de 34 anos com um curió, pássaro silvestre que está ameaçado de extinção, andando pelas ruas do bairro. Ao perceber a presença da viatura, ele tentou entrar rapidamente em sua casa, mas sem sucesso.
Foram localizados dois pássaros coleirinhas no interior da casa do infrator, que recebeu auto de infração ambiental no valor de R$ 6 mil.
O segundo flagrante foi no Parque Primavera. Um jovem de 21 anos estava em frente à sua casa com um pássaro silvestre. Ao ser indagado, informou que não tinha autorização ambiental e que possuía mais pássaros no interior de sua residência.
Durante fiscalização no local, os policiais localizaram um periquitão maracanã, um trinca-ferro, dois canários-da-terra e três coleirinhos papa-capim. O infrator recebeu auto de infração ambiental no valor de R$ 3.500,00.
O terceiro flagrante foi de caça. Uma das equipes deslocou-se até uma reserva ambiental da cidade para realizar a soltura dos pássaros que estavam em cativeiro e, para surpresa dos policiais, eles flagraram um jovem de 20 com um alçapão (armadilha de caça) e uma gaiola com uma coleirinha que estava sendo utilizado para “chama”, método utilizado para atrair outros pássaros. O jovem recebeu auto de infração ambiental no valor de R$ 500,00 pelo ato.” – texto da matéria “Polícia Militar Ambiental apreende pássaros em cativeiro e na soltura flagra jovem caçando”, publicada em 26 de janeiro de 2016 pelo site do Jornal da Cidade (Bauru – SP)
A história acima pode ser resumida da seguinte forma: a PM Ambiental está repondo o estoque de aves para os caçadores. E sabe qual o motivo disso? Falta de fiscalização nas áreas de soltura.
Unidades de conservação (como os Parques, as Reservas Biológicas, as Estações Ecológicas e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural), áreas de soltura cadastradas e locais onde é conhecida a ação de caçadores devem ser patrulhadas pela polícia e o Ibama. Não adianta retirar os animais da situação de cativeiro, recuperá-los e soltá-los se a possibilidade de uma nova captura é real e grande. É assim em todo o país.
O desleixo do poder público com a fiscalização de áreas com natureza conservada faz com que esses locais sejam verdadeiros “bancos”, onde os caçadores sejam “clientes” assíduos, fazendo “saques” de animais rotineiramente.
Fiscalizar não é só apreender bicho em cativeiro, mas evitar que o animal seja capturado em seu habitat.
– Leia a matéria completa do Jornal da Cidade
– Saiba mais sobre o tráfico de animais
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A Polícia Militar Ambiental do Estado de São Paulo, em 29 de janeiro, comentou via Facebook o post "Fiscalização também deve chegar às áreas de soltura":
'Realizamos a fiscalização preventiva em todas as áreas protegidas. Todos os dias são destruídas centenas de alçapões e armadilhas, inclusive com o apoio dos Guardas-Parques, apesar dessas áreas englobarem mais de 515 quilômetros quadrados, que torna o desafio ainda maior.
Esta não é a nossa única medida de proteção da fauna, além de contar com o apoio da população que denuncia, realizamos atividades e campanhas educacionais contra o tráfico.
Estamos abertos a ideias e sugestões, mas não concordamos com a sua afirmação de que "a PM Ambiental está repondo o estoque de aves para os caçadores."'
O Fauna News quer deixar claro que em momento algum afirmou ou afirmará que não existe fiscalização em áreas protegidas. É sabido que sempre há alguma fiscalização. A crítica foi feita no sentido de que o poder público não investe o suficiente, obrigando os órgãos de repressão e controle (como as polícias, Ibama, ICMBio e guardas municipais) a trabalharem com recursos escassos. Dessa forma, todo o trabalho de apreensão de animais e a devolução em áreas de soltura acabam repondo um estoque para açõs dos caçadores. Isso ocorre em todo o país.
Nossa crítica também não está voltada exclusivamente à PM Ambiental paulista – a mais bem estruturada do país. Utilizamos a ocorrência para realizar uma crítica a uma situação que ocorre em todo o Brasil.
É fato que policiais e agentes de fiscalização se esforçam na proteção da vida silvestre. Mas também é fato que os governantes não lhes dão o apoio para que o trabalho seja desenvolvido de forma ideal, inclusive da forma como os próprios policias gostariam.
Agradecemos à participação da PM Ambiental do Estado de São Paulo.