
“Veterinários e donos de animais que levam seus bichos de estimação até uma clínica de São Roque (SP) estão dando todo o carinho para uma fêmea filhote de veado catingueiro resgatada no começo de fevereiro. Bambina, como é chamada, "mora" no local há 20 dias depois de ter sido encontrada pelos bombeiros no porta-malas de um carro.
De acordo com informações da Polícia Militar, o motorista contou que havia encontrado o filhote em uma mata próximo do local onde trabalha, no bairro do Guaçu, e resolveu levá-lo para casa. Ele foi multado pelo transporte ilegal de animais silvestres, que é considerado um crime ambiental.
Como a cidade não tem base da Polícia Ambiental, os bombeiros foram chamados para fazer o resgate e levaram o animal para clínica do veterinário José Pierroni Dias, que costuma socorrer animais silvestres. "Ela é nossa mais nova mascote. Foi resgatada pela Polícia Militar no bairro do Guaçu e vamos tratar dela até desmamar", explica Dias.” – texto da matéria “Filhote de veado apreendido em carro 'mora' em clínica há mais de 20 dias”, publicada em 26 de fevereiro de 2016 pelo portal G1
A apreensão do animal foi comentada em 11 de fevereiro de 2016 pelo Fauna News no post “Veados em cativeiro: tá virando moda?”.
Para o leitor desavisado e leigo, a matéria transmite uma situação boa e bonitinha. O pequeno filhote sob os cuidados de um veterinário está se desenvolvendo bem e ganhou até nome: Bambina. Mas a situação deve ser encarada com mais cuidado e crítica.
Deve-se destacar que o animal silvestre foi levado para uma clínica particular e não um serviço público ou cadastrado pelo poder público para esse tipo de atendimento. Isso é resultado da falta de infraestrutura do Estado de São Paulo e de São Roque para tais ocorrências.
Piora a situação o fato de o animal estar na clínica particular por mais de 20 dias.
O poder público poderia solicitar um auxílio emergencial à clínica particular (apesar de já mostrar deficiência na sua estrutura), mas isso não pode estender-se tanto.
A falta de centros de triagem e de recuperação (Cetas e Cras), bem como de criadouros ou projetos de reabilitação e soltura, tanto geridos pelo poder público quanto aliados ao mesmo, mostram o quanto não se prioriza o cuidado com o animal silvestre. Isto é, com a biodiversidade brasileira.
São animais traficados, atropelados, perdidos, queimados em lavouras ou na rede elétrica e em inúmeras outras situações que diariamente perdem, permanente ou temporariamente, sua autonomia para ficar sob cuidados humanos. E isso deve ser encarado com seriedade e responsabilidade, o que não foi feito até agora por nenhum ente governamental brasileiro.
– Leia a matéria completa do portal G1
– releia o post “Veados em cativeiro: tá virando moda?”, publicado pelo Fauna News em 11 de fevereiro de 2016