
“A chegada da primavera trouxe mais uma linda mascote ao Projeto Mucky: a Avelã! A encantadora filhote de bugio ruivo (Alouatta guariba) foi resgatada com cerca de um mês de idade pela Polícia Ambiental, em uma rodovia próxima a Poços de Caldas/MG, após sua mãe ser atropelada.
Sobrevivente, a bebê foi encaminhada ao Grupo de Estudos de Animais Silvestres (GEAS) da PUC-Poços de Caldas. Após passar uma semana sendo assistida pelas alunas da Equipe, a macaquinha foi trazida para Itu.
“Avelã ainda sente a falta de sua mãe, precisa ser amamentada a cada duas horas, mas está prestes a ganhar uma nova família”, conta a equipe Mucky. Para que possa crescer brincando com uma irmãzinha de idade próxima à sua, ela foi apresentada à família de Baru, Castanha e Valentina, que segundo a equipe já está se apaixonando por ela.” – texto da matéria ‘"Avelã" – Bugio resgatada ganha nova família no Projeto Mucky’, publicada em 13 de outubro de 2014 pelo site Itu.com.br
A pergunta que fica é: será que a filhote de bugio terá, algum dia, a oportunidade de voltar para a floresta? A perda da mãe, que lhe ensinaria como viver com autonomia em seu ambiente natural, dificultará bastante um possível retorno à vida livre. Essa possibilidade vai depender bastante do quanto o animal tiver contato com humanos, pois pode criar uma dependência que impossibilite sua soltura.
Infelizmente, a probabilidade de o animal permanecer em cativeiro é muito grande. E animal em cativeiro não cumpre todas as suas funções ecológicas, como, por exemplo, auxiliar na dispersão de sementes, controlar a população de outras espécies ou ser predado.
Um atropelamento, duas vítimas (sem contar os descendentes que não virão).
Na imprensa
A intenção da matéria feita pelo site Itu.com.br é a melhor possível: informar seus leitores da chegada da filhote na ONG e mostrar o trabalha da instituição. Parabéns por dar tal espaço.
Mas uma crítica deve ser feita: contar a história de Avelã sem contextualizar o problema que levou o animal a ser atropelado (o hábitat dos animais sendo invadido por estradas, pastos, plantações e bairros) e seu futuro incerto e talvez nada parecido com o de um silvestre na plenitude da vida livre não ajuda o leitor a refletir a partir do contato com a informação. Para piorar, o texto foi feito em um tom quase infantil, como se a historinha de Avelã partisse da tragédia (o atropelamento) para um universo sem problemas (sua nova vida no Projeto Mucky).
Infelizmente, o leitor recebeu meia informação e terminou sua leitura achando que agora está tudo bem com Avelã.
– Leia a matéria completa do Itu.com.br
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