
Por Andreas Kindel
Biólogo, professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias da mesma universidade (NERF-UFRGS)
estradas@faunanews.com.br
O vídeo abaixo, produzido pelo coletivo de professores Terra Negra, oferece um novo ângulo sobre as passagens aéreas de fauna. Além de ter belíssimas imagens captadas por um drone, o discurso também é muito interessante e claramente orientado para aulas de Biologia ou temáticas afins.
As imagens aéreas me impressionaram pela vastidão do cerrado, pela retidão da rodovia e pela solidão da passagem aérea e me conduziram a inúmeros questionamentos. Qual é o objetivo da sua implantação? Mitigar a mortalidade ou recompor a conectividade? A quem se destina? Por que ali? Por que só uma? Por que esse formato? Como está ancorada ou conectada à vegetação circundante? Está funcionando?
Não sei exatamente onde está instalada, não sei quem a instalou e não sei se estão sendo avaliadas. Nem espero que os autores do vídeo respondam a todas essas perguntas. Só estou aproveitando as lindas imagens para chamar a atenção que todas as indagações acima precisam ser respondidas antes e depois da instalação desse ou de qualquer outro tipo de estrutura de mitigação.
Não importa se olhamos de baixo, de lado ou de cima. As passagens aéreas não podem ser apenas monumentos para contemplação ou manifestos materiais das nossas boas intenções. Naquela estrada reta, naquela imensidão de cerrado, temo que aconteça uma carnificina sem tamanho. Algo foi feito para diminuir essa potencial tragédia. Precisamos saber se funciona.
PS: se alguém souber de detalhes adicionais sobre a situação documentada no vídeo, não hesite em comentar!