
Por Talita Menger Ribeiro
Bióloga pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde é mestranda junto ao Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF)
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O verão chegou e com essa esperada estação, as festas de final de ano e as férias. Com isso, as praias se tornam um destino muito procurado por todo o Brasil e as rodovias que dão acesso a elas passam a ter um fluxo mais intenso de veículos. Mas além das clássicas rodovias cheias no final de ano, “estradas” mais inusitadas começam a ser formadas. E nas praias.
Muitas praias brasileiras começam a receber grande circulação de veículos em suas faixas de areia e até em suas dunas.
Apesar de o trânsito de veículos nas áreas de praia balneárias ser proibido na maioria dos municípios brasileiros, a realidade é bem diferente, pelo menos no sul do Brasil. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a lei 9.204 de 1991 proíbe a circulação de veículos nas praias, como já comentamos. Uma exceção é a Praia do Cassino, no munícipio de Rio Grande, onde estima-se que o fluxo de carros chegue a 200 mil por final de semana no verão. Com permissão ou não, o fato é que os carros estão circulando em muitas das nossas praias e, por consequência, podem estar impactando a nossa fauna.
Os ambientes arenosos das praias podem parecer pouco habitados, mas abrigam várias espécies de plantas e animais que são bastante adaptadas às condições desses locais. Você pode não enxergar, mas são anfíbios, serpentes, lagartos, pequenos mamíferos, aves, crustáceos, artrópodes e muitos outros grupos de animais que vivem ali. Se veículos colidem com animais em rodovias, eles também têm o potencial de colidir com esses animais na areia também.
Além disso, a areia é, muitas vezes, onde esses animais se abrigam (em tocas, por exemplo), onde se reproduzem e mantêm seus ovos e filhotes e por onde circulam em busca de alimento. Se os carros estiverem ocupando ou revirando/compactando a areia, essas atividades podem ser comprometidas.
Se nem as leis ou a sobrevivência dessas espécies são o suficiente para convencê-lo de que carros e beira de praia não combinam, considere que esse fluxo de veículos é também um risco à vida humana, como podemos ver em reportagens que relatam capotagens, feridos e mortos (G1 Santarém, G1 RS, GaúchaZH e G1 RS).
É realmente necessário levar o nosso carro até a beira da praia?
Neste Natal e Ano Novo, coloque mais essa reflexão na sua lista!