
Por Fernanda Zimmermann Teixeira
Bióloga, mestre e doutora em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É pós-doutoranda no Laboratório de Ecologia da Paisagem da Carleton University (Canadá) e integrante do Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias (NERF-UFRGS)
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A rodovia ERS-516 será asfaltada em um trecho de 17 quilômetros, entre os municípios de Santa Maria e São Martinho da Serra (RS). Agora, esta obra terá que ser acompanhada por um paleontólogo, segundo o parecer emitido pelo Museu de Ciências Naturais, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN/FZB).
Você sabe por quê?
Nessa estrada, paleontólogos da FZB e do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) encontraram restos de tronco fossilizados. Como os fósseis são propriedade da União e patrimônio cultural do Estado, e são muito importantes para as pesquisas paleontológicas, eles estão sendo depositados no Museu de Ciências Naturais do Rio Grande do Sul. Encontrar fósseis por ali já era esperado, porque no entorno da rodovia há afloramentos de rochas de formações onde é comum a presença de fósseis.
Essa região é conhecida mundialmente por descobertas paleontológicas, e algumas das espécies mais primitivas de dinossauros foram descobertas por lá.
E como descobriram isso no entorno da rodovia?
O DAER, órgão responsável pelas estradas no Rio Grande do Sul, assinou um Termo de Cooperação com a FZB para realizar levantamentos e monitoramentos nas estradas do Estado visando agilizar as licenças ambientais de obras na malha rodoviária. Essa é uma iniciativa louvável. A FZB, atualmente ameaçada por manobras políticas do governo do Estado, possui um excelente corpo técnico de pesquisadores que podem auxiliar muito o DAER a diminuir os impactos causados pelas rodovias.
Não é a primeira vez que isso acontece. Encontrar fósseis em estradas é algo relativamente comum. O fóssil do maior dinossauro já descoberto no Brasil, de aproximadamente 25 metros e que viveu há 70 milhões de anos atrás, foi descoberto na abertura de uma nova estrada no interior de São Paulo na década de 1950. Apesar de ter sido descoberto há tanto tempo, as pesquisas só puderam ser desenvolvidas nos últimos anos pela falta de recursos financeiros e pouco apoio à pesquisa.
O que parece somente barro na beira da estrada, na verdade tem muita história para nos contar!