
Por Dimas Marques
Jornalista e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
Todo os anos, entre setembro e dezembro, milhares de filhotes de papagaios-verdadeiros (Amazona aestiva) são coletados ainda em seus ninhos para serem traficados. Esse inferno para os animais, que gerará graves consequências para o equilíbrio ambiental do Cerrado do Mato Grosso do Sul e e Estados vizinhos, também deveria ser encarado como uma grande oportunidade para os órgãos de fiscalização e repressão a crimes ambientais do poder público.
Nesse período, os traficantes de animais mais graúdos ficam mais expostos por terem de se deslocar e fazer contatos com os outros bandidos responsáveis pelas coletas nos ninhos e pelo transporte até os grandes centros urbanos, como as regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro. E, como o fenômeno acontece todos os anos, policiais e agentes de fiscalização ambiental da União, dos Estados e dos municípios deveriam estar mais atentos.
Quando afirmo que esses agentes deveriam estar mais atentos, não me refiro apenas à intensificação do monitoramento de rotas (como as rodovias), das áreas de captura e das redes sociais. Estou me referindo a um trabalho de inteligência que vise identificar esses traficantes graúdos (muitos já são conhecidos) e monitorar seus passos. Inevitavelmente, alguns podem ser detidos quando saem de suas tocas para acompanhar a chegada de carregamentos de aves, por exemplo.
Esse período é realmente infernal para os papagaios, mas também uma oportunidade preciosa para ações repressivas baseadas em inteligência investigativa.
Infelizmente, os gestores do poder público e boa parte das chefias dos órgãos de fiscalização e controle não priorizam o combate aos crimes contra a fauna – o que inclui o tráfico de animais. As ações acabam sendo pontuais por um esforço de policiais e agentes interessados na causa.
A esses poucos, que ainda têm de ver os bandidos que prendem serem soltos por causa da legislação inócua, nosso respeito!
Recentemente, foram registradas mais algumas boas ações repressivas. Em 3 de outubro, um traficante foi surpreendido pela Polícia Militar Ambiental do Paraná, em um imóvena capital paranaensel, com 132 animais – 17 eram filhotes de papagaio, além de iguanas e um sagui.
Dia 10, em Francisco Morato, na Grande São Paulo, cerca de 400 animais, incluindo muitos filhotes de araras e papagaios, foram encontrados em uma casa:
“Cerca de 400 animais silvestres foram encontrados em uma casa em Francisco Morato, na Grande São Paulo. Araras, papagaios e saguis estavam em caixas de plástico, de madeira, de papelão e em gaiolas em condições precárias. Quatro pessoas foram detidas, informou a Polícia Militar Ambiental.
Uma abordagem de rotina levou os policiais até a casa. Policiais militares abordaram um carro por volta das 4h desta quarta-feira (10). Nele, havia alguns animais silvestres. Os PMS chegaram então até a casa na Rua Rondônia, onde encontraram pássaros de diversas espécies, e saguis.” – trecho da matéria “Cerca de 400 animais silvestres são encontrados em condições precárias na Grande SP”, publicada em 10 de outubro de 2018 pelo portal G1
– Leia a matéria sobre a apreensão em Curitiba
– Leia a matéria sobre a apreensão em Francisco Morato
– Releia “Setembro chegou. Começou o inferno para os papagaios-verdadeiros”, publicado pelo Fauna News em 13 de setembro de 2018