Denuncie o tráfico de animais na rodovia. Coloque quem realmente merece estar atrás das grades

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
19 de outubro de 2011
“A maior parte dos animais é escoada por via terrestre, principalmente pelas rodovias por meio de caminhões, ônibus e carros particulares (…)”. A afirmação está publicada no 1º relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre, publicado em 2001 pela Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas). Passados 10 anos do lançamento desse trabalho, a situação não mudou e as estradas brasileiras continuam como o palco de duas etapas do tráfico: a venda final para o comprador e o transporte de fauna.

Sobre a venda final para o comprador, não é incomum encontrar a população residente em uma determinada região – normalmente em precária situação social e econômica – oferecendo animais silvestres capturados nas imediações para os motoristas.

A outra utilização das rodovias pelos traficantes de fauna é como via para transportar animais das regiões de capturas para os pontos de distribuição e venda – conforme destaca a Renctas. E no Brasil essa prática é muito intensa. Para combater isso, a Trasnbrasiliana, concessionária do trecho paulista da BR-153 (Icém a Ourinhos), lançou em 4 de outubro de 2011 a campanha “Denuncie o tráfico de animais na rodovia. Coloque quem realmente merece estar atrás das grades”.

 
Cartaz da campanha

“(…) Cartilha está sendo distribuída nas praças de pedágio, bases da Polícia Rodoviária Federal de Rio Preto, Lins, Marília e Ourinhos e postos de combustíveis.

O material traz orientações de como evitar o tráfico de animais silvestres, hoje apontado como uma das maiores ameaças à natureza, além de informar o telefone para denúncia, a linha verde do Ibama, pelo número 0800-61 80 80. Segundo a assessoria de imprensa da Transbrasiliana, o trecho paulista da rodovia é rota do tráfico de drogas e de animais silvestres. (…)

A cartilha da Transbrasiliana traz orientações para reduzir ou desencorajar o tráfico, como não comprar espécies sem autorização do Ibama ou adquirir utensílios feitos com penas, couro ou ossos de animais silvestres. Por ano, tal comércio ilegal movimenta US$ 1 bilhão com o comércio de 12 milhões de animais. Em cada 10 animais traficados, nove morrem no momento da captura ou durante o transporte, que em 90% dos casos ocorre em rodovias federais.” – texto da matéria “Tráfico de animais é tema de campanha”, publicada em 5 de outubro de 2011 pelo Jornal da Manhã de Marília

24 de setembro: papagios apreendidos na BR-153/Foto: PRF

Infelizmente, esse tipo de ação é, além de pontual e de curta duração, feita quase que exclusivamente por empresas ou pelo terceiro setor. Não que não seja obrigação de todos atuarem contra o tráfico de animais. Pelo contrário: parabéns à Transbrasiliana. Mas cadê o poder público?

Quando esse tipo de ação será feita pelos administradores públicos, como parte de uma política de Estado séria para combater o tráfico de animais – segunda causa da diminuição da biodiversidade mundial.

A BR-153, chamada de Rodovia Transbrasiliana (daí o nome da concessionária), “é a quarta maior rodovia do Brasil, ligando a cidade de Marabá (Pará) ao município de Aceguá (Rio Grande do Sul), totalizando 4.355 quilômetros de extensão.

A BR-153 é a principal ligação do Centro-Oeste e do Meio-Norte do Brasil (Pará, Amapá, Tocantins e Maranhão) com as demais regiões do país. Metrópoles como Goiânia e Brasília a utilizam com o principal corredor de escoamento.

É também muito utilizada para acender a regiões turísticas como a da estância de Caldas Novas (Goiás), e a cidade histórica de Pirenópolis (Goiás).” – texto do site da concessionária

O trecho paulista, alvo da campanha, corta o território de 21 municípios e tem uma extensão de 321,6 km.

– Leia a matéria completa do Jornal da Manhã
– Leia a nota de divulgação da campanha da concessionária Transbrasiliana
– Conheça a Renctas

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Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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