
“Com o intuito de coibir a criação clandestina de aves silvestres e evitar a caça predatória de animais em extinção, equipes da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) do município de Eirunepé, distante 1.160 km em linha reta da capital, realizou na manhã de ontem (7), a operação “Voo Livre”. A ação contou com o apoio da Polícia Militar e secretaria do meio ambiente do município, resultando na prisão de uma pessoa e a apreensão de centenas de espécies da fauna amazônica.
A operação teve início às 6h da manhã e se estendeu por todo o período. As investigações, coordenadas pelo Titular, Delegado Jony Leão, iniciaram após as autoridades municipais receberem denúncias anônimas de que pessoas estariam praticando caça predatória de aves silvestres.
Durante a ação, a equipe foi ao endereço das pessoas e apreendeu cerca de 200 pássaros nativos da Amazônia, que eram criados ilegalmente, entre eles, curiós, gola, bigode e bicudos, sendo que este ultimo, está na lista de aves ameaçadas de extinção. Conforme as investigações, pássaros como os curiós podem chegar ao preço de um automóvel zero quilômetro no mercado ilegal.
De acordo com Leão, aproximadamente 40 pessoas que criavam os pássaros como animais de estimação foram orientadas a realizar cadastro como criador de animais silvestres na Secretaria Municipal do Meio Ambiente da cidade. “Nosso principal objetivo era que essas pessoas saíssem da ilegalidade na criação desses animais e se cadastrassem, para que a o órgão responsável pelo meio ambiente no município tivesse o controle. Durante a operação, ainda detectamos um caso de caça profissional predatória que tinha por objetivo a comercialização dos animais e estes estavam sofrendo maus tratos”, destacou o Delegado.” – texto da matéria “Em Eirunepé, operação “Voo Livre” apreende centenas de aves silvestres em criação clandestina”, publicada em 9 de novembro de 2014 pelo site Radar Amazônico
Pouco vai adiantar a apreensão das aves, já que a legislação é fraca e não pune e educa os infratores. As sanções legais (criminais e monetárias) também são formas de educar quem descumpre as leis e o restante da sociedade, pois quando ocorre a punição há o exemplo para os demais.
Infelizmente, a Lei de Crimes Ambientais é fraca em seu tratamento ao tráfico de fauna silvestre e à criação de animais silvestres sem autorização legal. A infração tem pena prevista de seis meses a um ano, além de multa, o que permite a transação penal com o infrator pagando cesta básica ou algum serviço social – o que, para muitos casos, é insuficiente para a mudança de atitude.
Sem projetos de educação ambiental para conscientizar a população sobre os problemas (ambientais, de saúde pública e de crueldade) envolvidos na captura de animais silvestres e na compra dos bichos no mercado negro, o hábito dessas pessoas continuará a existir. O poder público mostra-se extremamente inábil no combate a tais problemas, insistindo em combate-los quase que exclusivamente com repressão policial.
Miopia dos governantes. Lamentável.