
Dimas Marques
Jornalista, pesquisador do Diversitas-USP e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
“O Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Sociedade Brasileira de Zoológicos e Aquários e os Projetos de Conservação dos Papagaios do Brasil lançam, nesta sexta-feira (10), a cartilha Papagaios do Brasil. A publicação (que pode ser acessada aqui) tem o objetivo de incentivar a conservação destas aves – algumas ameaçadas de extinção – e também coibir o comércio ilegal de papagaios no Brasil.
O lançamento marca as atividades do Ano do Papagaio, cuja celebração se encerra em 2017, e une as iniciativas dos projetos de conservação com foco em comum, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e instituições parceiras.
Para o secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, José Pedro de Oliveira Costa, é fundamental que o governo federal sensibilize a população para a necessidade de conservação dos papagaios e seus ambientes, ressaltando a importância desses animais para a biodiversidade brasileira. Os psitacídeos representam um dos grupos de aves terrestres mais vulneráveis à extinção devido a efeitos decorrentes da perda de hábitat e da intensa retirada ilegal de espécimes da natureza. Em especial, em alto risco estão os papagaios do gênero Amazona, muito procurados como animais de estimação, e de ocorrência em paisagens originais altamente alteradas, reduzidas e fragmentadas.” – texto da matéria “Divulgada nesta sexta-feira (10/03), publicação reforça as ações de conservação das aves e pretende coibir o comércio ilegal no Brasil”, publicada em 10 de março de 2017 pelo site do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)
Depois dos passeriformes (pequenas aves que chamam nossa atenção pelo canto e pela beleza da plumagem), os psitaciformes (ordem que abriga os papagaios e as araras) são as aves mais comercializadas ilegalmente no Brasil. Vale lembrar que mais de 80% dos animais apreendidos com traficantes e em cativeiros domésticos sem autorização.
A melhor forma de combater o mercado negro de animais é com educação ambiental. Essa não é a única ferramenta para a diminuição do tráfico, mas é a mais efetiva. Infelizmente, não se mudam consciências, hábitos e comportamentos em curto espaço de tempo. É preciso investir em educação para, aos poucos, haver mudanças.
E só mudando a cultura do criar animal silvestre como bicho de estimação é que o tráfico de fauna será abalado. Lembre-se: enquanto houve gente comprando, haverá gente vendendo. Se ocorrer a redução de demanda, com certeza haverá diminuição de captura de animais na natureza para abastecer o comércio ilegal.
A iniciativa da cartilha é ótima. Seu conteúdo é bem trabalhado, didático e toca diretamente na questão da criação de papagaios como bichos de estimação. Mesmo assim, deve-se criticar o poder público. A publicação que está sendo divulgada é uma ação isolada e ações isoladas não resolvem quando a questão é mudança de hábitos.
Já passou da hora de o poder público ter um plano bem estruturado para combater o tráfico de animais. E nesse plano a educação ambiental tem de ser tratada como prioridade. Não se pode mais aceitar que o Estado brasileiro invista apenas em repressão (fiscalização e ação policial são necessárias, mas sozinhas não resolvem).
– Leia a matéria completa do site do ICMBio
– Baixe a cartilha
– Saiba mais sobre tráfico de animais