Por Dimas Marques
Editor-chefe
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“Um filhote de peixe-boi foi resgatado na quarta-feira (20) por agentes ambientais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). O animal foi encontrado na comunidade Calvário, limite entre Santarém e Monte Alegre, no oeste do Pará, às margens do Rio Amazonas, sem a presença da mãe.
“Recebemos a ligação dos comunitários no final da tarde de terça-feira. A equipe se deslocou nesta manhã e realizou a captura da espécie”, contou o chefe de fiscalização da Semma, Arlen Lemos.
O mamífero foi encaminhado ao ZooUnama, onde recebe os cuidados veterinários. Trata-se de uma fêmea, com 99 cm de comprimento e 16,2 kg.
“A espécime chegou aparentemente bem, apresentando pequenas lesões na nadadeira caudal. Já foram realizados os procedimentos de protocolo como biometria e amamentação. O filhote permanecerá em observação”, ressaltou a coordenadora do ZooUnama, Mary Jane Carvalho.” – texto da matéria “Agentes da Semma resgatam filhote de peixe-boi em comunidade de Santarém”, publicada em 21 de maio de 2020 pelo portal G1
A matéria do portal G1 não tem informações sobre o que pode ter acontecido com a mãe do pequeno peixe-boi-da-Amazônia (Trichechus inunguis). O Fauna News entrou em contato com o veterinário do Departamento de Biologia Aquática e Limnologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), responsável pelo atendimento a peixes-boi, José Anselmo D’Affonseca Neto. “O que tem sido muito comum nos últimos anos é que filhotes recém-nascidos fiquem presos em redes de pesca, as malhadeiras. Mas a caça da mãe é uma possibilidade forte”, afirmou.
Para D’Affonseca, que também preside a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) , o filhote aparenta ter poucos dias de vida. O veterinário disse que também existe a possibilidade de o animal ter sido resgatado com a mãe pelas proximidades. “O não avistamento da mãe não significa que ela não esteja ainda por perto”. Peixes-boi-da-Amazônia amamentam suas crias por cerca de dois anos, por isso, o animal encontrado em Santarém teria de estar acompanhado da mãe.
A taxa de sobrevivência de filhotes da espécie resgatados varia de 70% a 80%, dependendo do estado de saúde do animal.
Chama a atenção que, apesar de a caça ainda ser muito presente na região, moradores de uma comunidade ribeirinha foram os responsáveis por acionar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Santarém. Ou seja, existe uma consciência da necessidade de proteger peixes-boi que deve ser incentivada e ampliada.
Sensibilização e educação ambiental são essenciais na conservação da fauna silvestre. No caso dos peixe-boi-da-Amazônia, informação de qualidade para a população ajuda a reduzir a caça do animal bem como resgates desnecessários.