Caso Paul Watson: audiência sobre extradição acontece em outubro

Fundador do Sea Shepard e integrante do grupo que criou o Greenpeace, o ativista Paul Watson segue preso na Groenlândia e aguarda decisão sobre extradição para o Japão. A próxima sessão do judiciário local sobre o caso ocorre em 1º de outubro. O ativista contra a caça de baleias foi detido pela polícia em Nuuk, capital da Groenlândia, em 21 de julho, em cumprimento de um mandado de prisão internacional emitido pelo país asiático, assim que atracou seu navio para reabastecimento.

O Fauna News entrevistou a presidente e diretora executiva do Sea Shepherd Brasil, Nathalie Gil, que esteve com Paul Watson durante três semanas após sua prisão. O “capitão”, como muitos integrantes da ONG o chamam, está bem de saúde e encarando sua prisão como uma oportunidade de chamar a atenção do mundo. “Isso está indo para grandes líderes de Estado” comenta Nathalie, “para influenciadores que alcançam um número muito grande de pessoas, para novas gerações também. Ele está vendo uma grande oportunidade de seguir com a sua missão de expor o Japão para o mundo”.

Em 4 de setembro, ocorreu uma audiência em Nuuk para decidir sobre a manutenção ou soltura de Paul Watson. Nathalie conta que na sessão apenas o Japão teve o direito de apresentar evidências em vídeo. Ela destaca, porém, que no dia anterior ele foi entrevistado por três horas e pôde apresentar as suas evidências de defesa. Além disso, houve a participação de intérpretes para auxiliá-lo e a sua equipe, algo que não ocorreu na audiência anterior, do dia 15 de agosto. Por fim, ficou decidido manter a prisão até o dia 2 de outubro, quando haverá uma manifestação do judiciário local.

Japão x Paul Watson

O Japão é a peça-chave para entender a prisão de Paul Watson. Em carta escrita para o Brasil e traduzida pela própria Nathalie, o ativista afirma que está encarcerado “por expor os crimes da indústria baleeira japonesa, uma empresa propriedade do governo do Japão”. O ativista era a figura central de um programa televisivo que apresentava a luta da Sea Shepherd contra a caça promovida pelo país asiático por baleias.

O meu programa de televisão Whale Wars expôs os crimes da indústria baleeira japonesa e envergonhou profundamente o governo do Japão. O Japão quer a sua vingança e me escolheu como objeto da sua retribuição”, disse Paul Watson em carta.

O Japão alega que Paul Watson invadiu um navio baleeiro, obstruiu negócios e causou ferimentos a um tripulante. Com isso, ele foi colocado na lista de criminosos da Interpol. O diretor de operações de navios da Captain Paul Watson Foundation, também fundada pelo ativista, Locky MacLean, comentou que o nome dele não constava nessa lista no início do ano, porém não sabia o motivo. “Compreendemos agora que o Japão tornou isso confidencial para atrair Paul a uma falsa sensação de segurança”, explicou Locky.

O processo de apreensão do Paul Watson, narra Nathalie, começou nas Ilhas Faroé, que é um território dinamarquês, apesar de ter governo autônomo. Sabendo que Paul Watson iria cruzar de navio a passagem do Noroeste em direção ao Japão, onde realizaria a campanha Kangei Maru para interceptar os navios baleeiros japoneses, as Ilhas Faroé acionaram primeiro a Groenlândia, também integrante do Reino da Dinamarca. A Groenlândia acionou o Japão, o qual confirmou o interesse no ativista por ainda mantê-lo em uma lista criminosos procurados. Por meio da Interpol, o Japão acionou a Groenlândia para oficialmente comunicar a eles que Paul Watson poderia ser extraditado para o país asiático.

Tanto a Groenlândia quanto as Ilhas Faroé permitem caça de baleias em algumas circunstâncias. No caso das Ilhas Faroé, existe uma temporada anual em que é permitia a matança de 500 baleias-piloto pela população.

Extradição de Paul Watson para o Japão

Atualmente, a preocupação de Paul Watson e sua equipe é o pedido de extradição para o Japão. Em 31 de julho, o Japão solicitou formalmente à Dinamarca a extradição do ativista. Se a Justiça da Groenlândia decidir pela extradição, o caso será encaminhado ao ministro da Justiça dinamarquesa, Peter Hummelgaard.

Em reunião com parlamentares, Peter Hummelgaard afirmou que vai tomar uma decisão focada na parte legal, pretendendo respeitar a visão da Groenlândia em relação à extradição. Ele também irá ouvir a argumentação da polícia a partir da conversa que realizaram com Paul, em que ele apresentou sua defesa.

Caso haja uma decisão pela extradição, a movimentação se dará via Suprema Corte da Dinamarca, explica Nathalie: “Se essa extradição for decidida, se eles optam por esse caminho, a briga vai para a Suprema Corte, e aí vai ser algo muito mais demorado, um pouco moroso em relação a libertá-lo”, completou.

• Para aumentar os pedidos de soltura de Paul Watson, assine aqui a petição da Sea Shepherd.