No início do mês, o Fauna News lançou o #VotePorMim, um movimento pela fauna brasileira. Os objetivos são incentivar os eleitores a considerarem a defesa dos animais silvestres entre seus critérios na escolha de candidatos e facilitar a pesquisa por informações nos programas de governo. Um site (www.votepormim.com.br) foi construído com as propostas – ou ausência delas – dos concorrentes à Presidência da República e dos mais bem classificados nas pesquisas de intenção de votos aos governos dos estados de do DF.
A falta de propostas pela fauna não surpreendeu. Pelo contrário, já era esperada.
Das onze candidaturas à Presidência da República registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas duass (16%) possuem propostas específicas para os animais. Ainda assim, são promessas superficiais ou ruins para a conservação da fauna.
O fato de ter alguma proposta não significa que o candidato tem a intenção de defender os animais.
O candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL/coligação Pelo Bem do Brasil), por exemplo, destaca em seu programa a “urgente necessidade de se proteger os biomas e mitigar os impactos negativos da perda de espécies animais e vegetais”. É a única citação direta sobre fauna silvestre. Por outro lado, estão entre as propostas defender o acesso a armas de fogo para “práticas desportivas” – lembre-se que a bancada de parlamentares do governo tenta, a todo custo, liberar a caça no Brasil – e a pesca esportiva na região amazônica.
Já a candidata Soraya Thronicke (União) também cita o tráfico de animais, além da necessidade de criar uma política nacional de proteção dos animais. Está no programa: “Criar uma política direcionada a resolver os conflitos fundiários, responsáveis pela maioria dos crimes de contrabando de madeira, de minérios e de animais silvestres, grilagem, desmatamento, incêndios e biopirataria.” Não há qualquer explicação para a relação entre problemas fundiários e comércio ilegal de fauna, bem como um detalhamento do proposto.
Estados
Para os 26 estados e o Distrito Federal, o #VotePorMim analisou as propostas de governo de 95 candidatos – os mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos. Apenas 19 (20%) citaram a fauna silvestre. Ou seja, para a grande maioria, a conservação e a gestão dos animais silvestres ainda não é assunto que vale destaque em seus programas de governo.
São concorrentes de Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Piauí, Rondônia, Roraima e São Paulo (15 unidades da federação, ou seja, 55,5% do total). Quase metade dos estados brasileiros não têm candidatos que tenham propostas específicas para a fauna.
Reflexão
Os candidatos a cargos do Executivo e do Legislativo só passarão a ter propostas para a fauna a partir do momento em que nós, eleitores, exigirmos isso deles. Se os políticos não sentem haver uma demanda da sociedade por ações voltadas à conservação e ao bem-estar dos animais silvestres, eles não estudarão o assunto ou construirão propostas.
Foi assim com as mudanças climáticas, o desmatamento e as queimadas, por exemplo. Não há plano de governo de candidato que não aborde e detalhe propostas para esses problemas.
Consulte e divulgue o #VotePorMim. Para que haja mudanças, é preciso que se comece a caminhar com uma nova direção.
https://youtu.be/HKz_UuqIykk