
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
Quando se divulga que o tráfico de fauna é um meio de disseminação de doenças, sejam elas para humanos ou até entre os próprios bichos, é sobre esse tipo de situação que os especialistas estão alertando:
“O Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Campos Gerais, instituição parceira do Instituto Água e Terra (IAT) no atendimento a animais silvestres, abriga mais de 50 psitacídeos (papagaio-verdadeiro e periquito-rico) apreendidos durante uma fiscalização na BR-373, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Ao todo, 104 aves chegaram na unidade no mês passado. Metade morreu e alguns indivíduos apresentaram sinais clínicos suspeitos de zoonoses. Após amostras coletadas e enviadas à análise laboratorial, ficou confirmada a salmonelose, doença conhecida como salmonella, que pode ser transmissível para outros animais e humanos.

O Cetas Ponta Grossa foi inaugurado neste ano, através de uma parceria entre o IAT, órgão vinculado à secretaria estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), e o Instituto Klimionte, que conta também com o apoio da prefeitura local.
A salmonella é uma bactéria que causa intoxicação alimentar e, em casos raros, pode provocar graves infecções e até mesmo a morte. Os principais sintomas são de uma doença transmitida por alimentos, como vômito, dores abdominais, febre e diarreia, que geralmente duram alguns dias e diminuem em uma semana.
De acordo com o médico veterinário responsável pelo Cetas, a salmonelose é altamente contagiosa e, para os psitacídeos, pode ser letal. Os sintomas observados nos animais que positivaram para a doença foram apatia, anorexia, asas caídas, perda de peso, deformidade de bico e de penas, com mortes.
“A doença das aves se deu, principalmente, pelo ambiente em que elas eram mantidas, encontradas pela Polícia Rodoviária, dentro de um porta-malas, em caixas e gaiolas. A suspeita é que tenham passado mais de oito horas naquela condição, sem água, comida, ventilação e higiene”, disse.
Os animais estão em tratamento e mantidos em local isolado. A manifestação da doença segue em monitoramento.” – trecho do texto de divulgação da Agência Estadual de Notícias do governo paranaense “Aves apreendidas em fiscalização são diagnosticadas com doença transmissível”, publicado em 30 de novembro de 2021
Cerca de 200 zoonoses (enferemidades transmitidas entre animais e humanos) já foram identificadas. Além da salmonelose, vale destacar a febre amarela, a tuberculose, a toxoplasmose, a gripe aviária, a raiva, a psitacose e, logicamente a recente pandemia de Covid-19. O tráfico de fauna é, portanto, um grande problema de saúde pública e para os cofres públicos, que têm que investir no atendimento médico da população e na estrutura de fiscalização e suporte para animais apreendidos.
E tudo isso porque tem gente que compra esses animais para cria-los como bichos de estimação.