Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
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Uma das características dos atropelamentos de animais silvestres em rodovias é sua ampla gama de vítimas. Pequenos ou grandes, invertebrados ou vertebrados, de anfíbios a mamíferos. Enfim, entre os diversos causadores de impactos negativos causados diretamente por ação humana, talvez esse seja o menos seletivo.
Ontem, o Fauna News noticiou o atropelamento de uma onça-parda (Puma concolor) ocorrido segunda-feira, 19 de abril, na rodovia federal BR-163, em Caarapó, no Mato Grosso do Sul. O felino sobreviveu e está sendo cuidado no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) de Campo Grande.
Na terça-feira (20 de abril), foi a vez de um veado-mateiro (Mazama americana). O animal foi atropelado na BR-386, em Sarandi (RS), e levado por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal para o Centro de Ensino Superior Riograndense (Cesurg), onde recebeu um primeiro atendimento. Ele foi transferido para o Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo, em Passo Fundo
No dia seguinte (21 de abril), ainda no Rio Grande do Sul, um gato-maracajá (Leopardus wiedii) foi morto por atropelamento em Teutônia. O felino foi encontrado na Estrada da Várzea, bairro Languiru. A carcaça será enviada para a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
No Espírito Santo, também em 21 de abril, dois tamanduás-mirins (Tamandua tetradactyla) morreram ao serem atingidos por veículo na BR-482, em Cachoeiro do Itapemirim. De acordo com site do jornal capixaba A Gazeta, os dois estavam caídos no acostamento da via quando foram localizados. A região possui algumas unidades de conservação, como a Floresta Nacional de Pacotuba, onde vivem muitos animais silvestres.
Estimativa do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) da Universidade Federal de Lavras indica que 475 milhões de animais silvestres morrem por atropelamento todos os anos nas estradas e rodovias brasileiras. Desse total, 90% são de pequenos vertebrados, como sapos, cobras e pequenas aves, sendo 9% de vertebrados de médio porte, como gambás, lebres e macacos, e 1% das mortes de grande porte, como onças-pardas, lobos-guarás, onças-pintadas, antas e capivaras.