Aplicações da fotografia de vida selvagem – arte

Olá! Que bom ter você de volta! Hoje é dia do nosso último artigo da série sobre as aplicações da fotografia de vida selvagem. Nas semanas anteriores, tratamos da relação com a Ciência e a educação ambiental. Aqui, iremos abordar o papel como arte.

O termo “fotografia” tem origem no grego (phosgraphein) e pode ser traduzido como “desenhar com luz” (phos = luz e graphein = desenho, escrita). Tendo em vista o significado contido em seu nome, desde o nascimento em 1826, essa atividade tem a produção artística e cultural como um de seus principais objetivos. Logo, não é à toa que ela é considerada por muitos como uma das artes adicionais ao Manifesto das Sete Artes.

Porém, quando pensamos na fotografia como arte (naquela que vemos em quadros à venda, em museus, revistas e livros, exposições etc.), as imagens que vêm à cabeça normalmente são de lindas paisagens, cenários urbanos, retratos de pessoas e até mesmo fotos abstratas. Muitas vezes esquecemos que a fotografia de vida selvagem também pode ficar bonita dentro de uma moldura.

Em nosso primeiro artigo, discutimos que o mais importante em uma fotografia para a Ciência é a clareza e os detalhes do que está sendo registrado. No segundo, chegamos à conclusão de que para a educação ambiental a mensagem contida na foto é essencial para que ela tenha efeito. Aqui, vamos debater sobre questões que ainda não haviam sido abordadas nos dois últimos artigos, mas que são indispensáveis para registros mais artísticos: a estética e a qualidade das imagens.

Como em qualquer processo artístico e criativo, não existe uma lista de regras que definem o que é uma foto de animal boa e uma ruim. Afinal, cada fotógrafo pensa diferente e vê o seu tema de uma maneira única em relação a outro. Cada um tem a liberdade para fotografar do jeito que achar melhor, gerando uma grande variedade de estilos, sensações e técnicas. E é aí que está a magia da coisa…

Mesmo assim, para produzir imagens lindas e impactantes é necessário estudar e entender tudo que envolve uma fotografia de vida selvagem: o funcionamento do equipamento, o foco, a composição dos elementos, a luz, as cores, o comportamento do animal etc.

Arte com mensagem

Vale lembrar que a mensagem contida em uma fotografia artística também é muito importante. Podemos ver milhares de fotos tecnicamente perfeitas, mas aquelas que contam histórias são as que nos lembraremos para sempre. Captar a personalidade de um animal e suas interações com o ambiente e outros bichos auxilia bastante na construção dessas narrativas.

Além disso, é nessa categoria que podemos deixar nossa criatividade aflorar. Há muitas maneiras de criar imagens diferentes e até mesmo nunca vistas antes, registradas com o teste de novos ângulos, com variadas configurações da câmera, combinações de cores (ou a falta delas, na fotografia preto e branco), com a inclusão ou remoção de elementos da composição, registrando animais em posições inusitadas ou abstrai-los, trabalhando texturas do ambiente ou do próprio animal e por aí vai.

Confesso que minhas fotos costumam ser mais técnicas e quase sempre em forma de retrato, mas vejam alguns exemplos de quando me permiti a ser um pouco criativo e a experimentar essas variações na galeria no final deste artigo.

Antes de concluir, quero mostrar que a fotografia de vida selvagem está cada vez mais sendo incluída e valorizada no meio artístico, principalmente por conta da influência de grandes fotógrafos. Deixo aqui algumas recomendações para quem se interessar:

• Genesis (livro de Sebastião Salgado)
• Água Pantanal Fogo (exposição de Luciano Candisani e Lalo de Almeida)
• Terra Brasil (livro de Araquém Alcântara)
• O Sal da Terra (filme biográfico sobre Sebastião Salgado – a parte dos animais é abordada no final)
• Wildlife Photographer of the Year (premiação anual exclusiva para fotógrafos de vida selvagem promovida pelo Museu de História Natural de Londres)

Para fechar nossa trilogia, quero destacar que essas três grandes áreas podem não ser as únicas em que a fotografia de animais está presente na sociedade. Apenas agrupei dessa forma para facilitar a escrita e a relação dos textos. Sintam-se mais do que convidados, caso queiram, a adicionar algum tópico que não tenha sido debatido aqui. Além disso, é muito importante frisar que elas estão sempre conversando entre si: fotos voltadas para Ciência e educação ambiental podem sim ter grande valor artístico e vice-versa. Imaginem um grande triângulo onde cada ponta tem o seu papel fundamental de manter a forma unida.

Muito obrigado de coração a você que acompanhou minha primeira série de artigos na Photo Animal. Fique ligado que semana que vem tem novidade! Vamos começar a discutir dicas e técnicas específicas para fotografar diferentes grupos de animais, começando pelos amados e elusivos mamíferos. Um abração e nos vemos lá!

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