
Ideias simples, às vezes, ajudam a resolver graves problemas.
“Refletores acoplados a coleiras estão sendo usados para proteger o maior mamífero terrestre do Brasil, a anta.
Foi em uma mesa de bar, após semanas de monitoramento intenso da espécie em área de cerrado em Mato Grosso do Sul, que a pesquisadora conservacionista Patricia Medici e sua equipe tiveram a ideia para amenizar o número de atropelamentos desses animais em rodovias.
"A ideia veio disso: parte do problema é que as pessoas não as veem. Diante da dúvida do que poderia ser feito, pensamos em algo que brilhasse, como refletores de caminhão", conta Patricia. Em 2015, foram capturados 14 animais e, atualmente, dez estão com coleiras equipadas com GPS e refletores – até agora, nenhum deles morreu, mas a apreensão faz parte da rotina da equipe.
"Dois animais vivem muito próximos da BR-267. É complicado, sempre ficamos apreensivos analisando a movimentação deles." A equipe recebe dados da localização desses animais diariamente, por meio de um sistema de captação por satélite. Os colares têm validade de três anos, quando serão retirados dos bichos.
De hábitos noturnos, elas começam a caminhar pela paisagem degradada do cerrado no entardecer, em busca de alimento. Cortando extensas plantações de cana e soja, que antes eram ocupadas por vegetação nativa, estão as rodovias por onde escoam grãos e bois em caminhões.
De cor cinza, corpo que chega a pesar 300 kg e olhos menores que uma moeda de um real, as antas são vítimas de acidentes que têm consequências graves não apenas para a espécie, mas para quem colide com elas. Há casos de pessoas mortas.” – texto da matéria “Antas ganham coleiras luminosas e 'brilham' para evitar acidentes em MS”, publicada em 1º de outubro de 2016 pelo site do jornal Folha de S. Paulo
A ideia, simples e barata, parece estar se mostrando eficiente na proteção aos animais pesquisados. Mas vale destacar que a iniciativa está ajudando uns poucos animais pesquisados, que, apesar de poucos, são importantíssimos na aquisição de conhecimento sobre a espécie.
Outra informação que se pode tirar dessa iniciativa é reforçar a constatação de que muitos atropelamentos de animais silvestres são consequência da baixa visibilidade. Essa baixa visibilidade, aliada à limites de velocidade que impedem que os motoristas ajam para evitar a colisão, deve ser considerada pelos gestores das estradas quando pensam em medidas para reduzir os acidentes.
Em resumo: como não dá para fazer com que todos os animais tenham faixas refletivas, os motoristas devem estar avisados da possível presença de animais em determinados trechos de rodovia (os mais críticos após monitoramento) e os gestores das estradas devem, nesses trechos, impor limites de velocidade que aumentem a possibilidade de reação defensiva dos motoristas em caso de algum bicho surgir no asfalto. Tudo isso sem esquecer de passagens de fauna, cercas, sinalização e toda a infraestrutura adequada para cada caso.
– Leia a matéria completa da Folha de S. Paulo
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