A parte do tráfico de animais silvestres que poucos conhecem

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
31 de janeiro de 2011
O tráfico da fauna silvestre brasileira normalmente é acompanhado pela imprensa e a população até o ponto da apreensão dos animais pelos órgãos de fiscalização. Divulga-se um pouco do problema da exploração das comunidades que vivem em regiões pobres do país, com destaque para as localizadas na caatinga, no cerrado e na amazônia; bastante sobre as operações de repressão que resultam nas apreensões e quase nada sobre o que acontece após essa última etapa.

O site Olhar Direto, de Mato Grosso, veiculou uma matéria sobre a soltura de 17 araras que foram, há dois anos, apreendidas em São Paulo. Na matéria Araras apreendidas do tráfico de animais são devolvidas à natureza, do repórter Lucas Bólico, apresenta-se um pouco da dimensão desse problema:

“O veterinário e chefe do Núcleo de Fauna e Pesca do Ibama, Cesar Soares, explica que estas aves foram apreendidas no estado de São Paulo e submetidas a exames e processos de reabilitação para poderem regressar à natureza. O custo para a recuperação de cada animal é alto. “Só para os exames, são gastos em média R$ 700,00 por animal, isso sem falar em alimentação e etc.”, conta.”

Momento da soltura das araras

Foto: Lucas Bólico/Olhar Direto

A falta de estrutura, tanto da União quanto nos Estados para o recebimento, recuperação e posterior envio para soltura (quando é possível) de animais vítimas do tráfico em seu hábitat está escancarada. A maioria dos centros que recebem os espécimes transforma-se, com o passar do tempo, depósitos de animais.

Enquanto não existirem políticas públicas realmente consistentes que abordem o problema do tráfico de animais com seriedade, principalmente na abordagem do período pós-apreensão, continuaremos a ver apenas 17 araras retornando para a natureza. Apesar de o fato noticiado pelo Olhar Direto ser maravilhoso, quantos milhares de animais silvestres (principalmente pássaros) são apreendidos e ficam amontoados em centros sem infraestrutura ou entregues para criadouros conservacionistas que, muitas vezes, estão também envolvidos na rede do tráfico?
Alguém pode me dizer quantos animais são devolvidos para a natureza após serem apreendidos? Garanto ser um percentual mínimo.
Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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