O tráfico de animais para abastecer a pesquisa científica

Dimas Marques
  • Dimas Marques

    Editor-chefe

    Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde pesquisou a cobertura do tráfico de animais silvestres por jornais de grande circulação brasileiros. Atua na imprensa desde 1991 e escreve sobre fauna silvestre desde 2001.

    Fauna News
18 de julho de 2011

A edição 27 da revista GEO, que está nas bancas, traz como seu principal destaque a “Máfia dos Tigres”.  A publicação preparou duas matérias que abordam o tráfico de animais silvestres na Ásia, destacando o comércio ilegal de tigres. Mas resolvi destacar a reportagem sobre a demanda de primatas para experimentos por laboratórios da Europa, EUA e Japão. Os números causam espanto…

O Centro de Primatas Alemão (DPZ), responsável por fornecer macacos para instituições de pesquisa, destina anualmente 10.000 animais para experimentos em laboratórios. “Na Alemanha são “gastos” anualmente entre 2.200 e 2.500 macacos”. – texto da revista GEO

Foto: Revista Galileu

“Em 2009, os Estados Unidos importaram 22.098 macacos. À exceção de alguns poucos animais adquiridos por zoológicos, todos os outros se destinavam a laboratórios e quase todos – pelo menos com seus respectivos documentos – provinham de criações. Segundo Dean (Erin Dean, inspetora do Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos EUA), um avião da Air China pousa em Los Angeles várias vezes por semana, com 150, 200 primatas a bordo.” – texto da revista GEO

Os jornalistas Anke Sparmann e Patrik Brown, não se aprofundaram na discussão ética sobre a utilização de animais em experimentos, e sim tentaram rastrear a origem desses animais. De acordo com a matéria, há fortes indícios de que boa parte dos macacos não são originários de fazendas de criação, mas sim capturados na natureza (das florestas do Laos, Camboja, Indonésia e Vietnã, para intermediários chineses, que exportam para os laboratórios).

“A pergunta se esse “C” (sigla que significa “criado em cativeiro”) de fato corrresponde à verdade, ou se muitos dos 100.000 macacos comercializados anualmente na realidade são animais selvagens, capturados na natureza, é algo que está sendo apurado atualmente pelos departamentos norte-amercianos de investigações criminais.” – texto da revista GEO

Além de ilegal e com consequências extremamente danosas aos ecossistemas e às espécies vítimas, o resultado de pesquisas farmacêuticas com animais vindos diretamente da natureza (que podem portar inúmeros parasitas desconhecidos) fica totalmente comprometido.

Para se ter uma idéia do lucro, o caçador recebe US$  50 por um macaco, que chega para os laboratórios custando US$ 1.500.

– Leia matéria da revista Galileu sobre o uso de animais em experiências.

Fauna News

Sobre o autor / Dimas Marques

Formado em Jornalismo e Letras, ambos os cursos pela Universidade de São Paulo. Concluiu o curso de pós-graduação lato sensu “Meio Ambiente e Sociedade” na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo com uma monografia sobre o tráfico de fauna no Brasil. É mestre em Ciências pelo Diversitas – Núcleo de Estudos das […]

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