Por Dimas Marques
Jornalista, pesquisador do Diversitas-USP e editor responsável do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
Polícia Rodoviária Federal apreende 708 animais durante fiscalização no Espírito Santo. Desse total, 10 eram jabutis. O restante, aves. E, cada uma, custou R$ 2 na Bahia, onde foram compradas para serem revendidas na Baixada Fluminense.
“O Ibama e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreenderam nesta quarta-feira (22/08) em Viana (ES) 708 animais silvestres transportados de forma irregular em veículo que partiu da Bahia rumo a São Gonçalo (RJ). De acordo com a investigação, os animais seriam vendidos em Duque de Caxias e Acari, no Rio de Janeiro. Além de pássaros como coleiro, tico-tico, patativa, tizil, currupião e cardeal, o infrator levava 10 filhotes de jabuti. As condições precárias de cativeiro e deslocamento resultaram na morte de 158 animais.
O infrator foi conduzido ao presídio de Viana (ES), onde deverá aguardar a realização de audiência de custódia. As multas aplicadas nesta quinta-feira (23/08) por maus tratos e transporte irregular de animais silvestres totalizam R$ 861.324,00. O veículo usado na infração foi apreendido.
Os animais resgatados com vida foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama no estado. Após reabilitação, os animais que apresentarem condições de sobreviver no meio silvestre serão devolvidos à natureza.” – texto da matéria de divulgação do Ibama “Ibama apreende 708 animais silvestres vítimas do tráfico no ES”, publicada em 23 de agosto de 2018 no site do Ibama
A pessoa detida com as aves, Fábio Vasques Fernandes, foi surpreendida pela ação da Polícia Rodoviária Federal na altura do km 304 da BR 101. As aves foram encontradas dentro do carro conduzido pelo infrator durante uma ação de fiscalização.
Para a Polícia Rodoviária Federal, Fábio afirmou ter comprado as aves em Cruz das Almas e em Santo Estevão, na Bahia. Cada uma teria custado R$ 2. Ele também relatou que comercializava aves silvestres há algum tempo, não especificando exatamente quanto.
Chama a atenção o valor de cada ave na região fornecedora (que pode não ser a área de captura, mas um ponto de depósito para entrega a compradores): R$ 2!
A vida desses animais vale muito pouco para quem os captura e nas primeiras etapas do processo do tráfico. O lucro seria extremamente alto se levarmos em consideração o preço de venda nas feiras fluminenses – apesar de, unitariamente, cada ave não atingir grandes cifras.
Deixando de lado os preços, qual o valor real de cada animal em seu ecossistema? A falta que esses bichos podem fazer na manutenção do equilíbrio ecológico não é discutida e também não pode ser mensurada em reais.
Já o infrator, ele deve estar solto, com certeza não vai pagar a multa de R$ 861.324 e, muito provavelmente, vai continuar envolvido com o mercado negro de fauna.
– Leia a matéria no site do Ibama
– Leia a matéria da Polícia Rodoviária Federal