 
 
Por Dimas Marques
 Jornalista e editor responsável do Fauna News
 dimasmarques@faunanews.com.br
Não é de hoje que a demanda por pequenos primatas por moradores do Estado de São Paulo tem chamado a atenção de traficantes de animais. O Fauna News tem acompanhado as ações da Polícia Militar Ambiental paulista no monitoramento de duas infratoras já bastante conhecidas: Luciana Golghetto Monfreda, de Mirassol (SP), com um histórico de sete detenções desde junho de 2017, e Jacqueline Berenstein Ring, de Cotia (SP), flagrada duas vezes, inclusive, com micos-leões-dourados.
 Agora chegou a vez de Nazilson Valdeir Moreira de Gois entrar para o radar da Polícia de São Paulo como um especialista em primatas.
Agora chegou a vez de Nazilson Valdeir Moreira de Gois entrar para o radar da Polícia de São Paulo como um especialista em primatas.
Ele e sua esposa, Fabiola França, foram presos na quinta-feira (13 de dezembro) com um filhote de macaco-prego e um tucano dentro de um ônibus que seguia de Londrina (PR), cidade onde residem, para Bauru (SP), onde entregariam os animais. O flagrante foi realizado por uma equipe da Polícia Militar Rodoviária de São Paulo, que, na altura do km 342 da rodovia SP-300 (Marechal Rondon), já em Bauru, parou o ônibus em que o casal viajava para realizar uma vistoria.
Nos braços de Fabiola, enroladinho com se fosse um bebê, estava o filhote de macaco-prego. Ela foi revistada e R$ 5.450 foram localizados em seu poder. Sob o banco onde estava Nazilson, havia uma sacola e nela uma caixa de papelão. Assim que foi aberta, os policiais encontraram o tucano. Em uma bolsa do casal, foi encontrado uma seringa e um frasco que se suspeita ser algum tipo de substância para dopar os animais durante a viagem.

A PM Ambiental foi acionada e os animais levados para o Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Selvagens (Cempas) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu. Nazilson e Fabiola acabaram autuados em flagrante no plantão da Centra de Polícia Judiciária de Bauru por associação criminosa, maus-tratos ao tucano e ao macaco e pelo artigo 29 da Lei de Crimes Ambientais, que envolve o transporte e a venda sem autorização de animais. De lá, ele foi levado para a cadeia pública de Avaí e ela para a de Pirajuí.
 Diferentemente da maioria das detenções de acusados por tráfico de animais, em que os infratores são soltos para responderem pelo crime em liberdade, Nazilson e Fabiola ficaram presos. Alguns fatores contribuíram para essa situação.
Diferentemente da maioria das detenções de acusados por tráfico de animais, em que os infratores são soltos para responderem pelo crime em liberdade, Nazilson e Fabiola ficaram presos. Alguns fatores contribuíram para essa situação.
Nazilson não é um iniciante no ramo do tráfico de animais. Pelo contrário. Em uma rápida busca pela internet, o Fauna News localizou outras cinco detenções dele.
– 23 de agosto de 2018:  Nazilson e seu cunhado, Fabiano França, foram detidos em um imóvel em Londrina (PR) com três macacos-pregos e uma jiboia.
 – 04 de agosto de 2017: no lava-rápido de Nazilson, em Londrina (PR), a polícia paranaense encontrou uma arara-canindé, sete filhotes de jabuti, quatro iguanas, dois macacos-prego vivos e dois macacos-prego mortos.
 Na matéria do Tarobá News sobre esse caso, consta a informação de que Nazilson já havia pago cestas básicas por ter sido flagrado em 2016 com uma jiboia no Paraná. Não há mais detalhes do caso.
 – 7 de novembro de 2017: Nazilson viajava de ônibus de Londrina (PR) para São Bernardo do Campo (SP), quando o veículo foi parado por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal. No bagageiro do veículo, foram encontrados quatro macacos-prego (um adulto e três filhotes) em caixas de transporte de animais domésticos com a identificação do passageiro responsável. Para os policiais, ele afirmou que receberia R$ 500 pelo transporte dos animais.
 – 28 de janeiro de 2017: Nazilson foi detido às 23h no posto da Polícia Rodoviária Federal entre Ibiporã e Jataizinho, no Paraná, com quatro filhotes de macacos-prego.
Além dos antecedentes de Nazilson, o dinheiro encontrado com Fabiola (que seria proveniente da venda de outros animais) e as declarações de ambos na Polícia, afirmando que receberam as passagens de ônibus de um homem em Londrina para levar o tucano e o macaco até Bauru, onde receberiam o dinheiro da venda dos bichos.
Todo esse contexto fez com que a Polícia Civil autuasse o casal com uma série de agravantes, o que fez com que a pena prevista, em caso de condenação, fosse superior a quatro anos de cadeia – a Lei 12.403/2011 estabeleceu o fim da prisão preventiva para crimes com penas menores que quatro anos de prisão. Portanto, eles respondem pelos delitos presos.

Conseguir que a dupla começasse a responder pelo crime presa é resultado de dedicação dos policiais. Os militares, que conseguiram informações para um bom indiciamento, e o delegado de Bauru, que utilizou com eficiência o Código Penal e a Lei de Crimes Ambientais.







