Por Luciana Ribeiro
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Nomes populares: mico-munduruku, sagui-dos-munduruku
Nome científico: Mico munduruku
Estado de conservação: não consta da lista vermelha da IUCN nem da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção
Em 2015, Rodrigo Costa Araújo, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade Federal do Amazonas, estava numa expedição de campo no sudoeste do Pará, no interflúvio do Tapajós-Jamanxim. Foi quando avistou um pequeno grupo de saguis que chamaram sua atenção. Observando com binóculos, ele percebeu que eles eram diferentes, com rabos totalmente brancos, uma condição muito incomum em primatas na América do Sul, e poderiam ser uma nova espécie.
A partir daí, Rodrigo mergulhou na pesquisa para saber se se tratava realmente de uma nova espécie ou não. Foram anos de expedições, exames com sequenciamento do DNA dos primatas, estudos sobre sua distribuição geográfica e visitas a museus no Brasil e no exterior.
Resultado: recentemente a pesquisa concluiu que esse sagui é a mais nova espécie da Amazônia brasileira. O nome Mico munduruku é uma homenagem aos índios Munduruku. Endêmico do sul da Amazônia, o primata tem cerca de metade da sua área de ocorrência dentro de terras dos Munduruku. Uma região com garimpo de ouro, madeireiros e produtores rurais. Com um desmatamento visível. Ameaças tanto para os indígenas quanto para os saguis.
O gênero Mico conta com 14 espécies descritas no Brasil. Sobre a mais recente ainda se sabe muito pouco. É preciso estudar quais são seus hábitos, sua dieta, avaliar seu status de conservação. Nem foto da espécie em seu habitat temos ainda, já que os pesquisadores tiveram problemas com o equipamento e perderam as que foram feitas.
Esse trabalho, que é um sonho de infância de Araújo, além de uma enorme relevância científica, mostra a riqueza da nossa biodiversidade, com tantas espécies ainda desconhecidas, e alerta para as ameaças que existem sobre um animal que nem estudado ainda foi.