Por Yasmim Nepomuceno
Especial para o Fauna News
Tráfico de animais, incêndios criminosos nas florestas, desmatamento, caça e poluição de solo, água e ar são alguns dos riscos para a fauna silvestre. O que todas essas ameaças têm em comum é o comportamento humano. No mundo todo, organizações propõem iniciativas para remediar esses problemas, mas o combate a eles também passa por atuar em suas raízes e, assim, prevenir que aconteçam.
Como pilar para a construção de uma sociedade mais preocupada com a conservação da biodiversidade, a educação ambiental é uma ferramenta para disseminar informações que ajudem a evitar ações de destruição do equilíbrio ecológico. Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, possui uma grande área com florestas e, no intuito de conservar a fauna local, o zoológico municipal mantem diversas iniciativas.
A bióloga e educadora ambiental do Zoológico de Guarulhos, Flávia Queiroga, conta que o objetivo das ações educativas é formar agentes multiplicadores que transmitam a mensagem para novos os grupos. “É um dever de todo cidadão trabalhar essa questão de conservação da biodiversidade. Nós temos que estar inseridos na biodiversidade sem destruí-la e viver em harmonia com as espécies”, declarou.
Para ela, a educação ambiental para a conservação da fauna silvestre está diretamente ligada com outros temas como a preservação do solo e da água, elementos que constituem relações importantes para a sobrevivência e bem-estar animal. Flávia também considera que é preciso aproximar os temas ao cotidiano das pessoas e ensinar que hábitos individuais refletem na fauna silvestre.
Na programação da instituição estão oficinas, rodas de conversa e outras ações educativas para ampliar o conhecimento de espécies ameaçadas de extinção, esclarecer mitos e explicar a importância de cada animal para o ecossistema. Gilberto Penido, chefe de Divisão Técnica de Zoológico e Manejo de Fauna em Vida Livre, conta que é preciso adaptar a linguagem de acordo com o público.
Além da fala e da visualização, outras técnicas já estão sendo utilizadas para garantir a compreensão das mensagens transmitidas. Explorar os órgãos sensoriais também ajudam a melhor a absorção da informação. Em alguns casos, é possível utilizar o olfato para explorar cheiros característicos ou o tato em alguns animais. “O ouvinte entende a informação primária melhor quando a está visualizando e tateando”, ressaltou Penido.
O zoo também propõe capacitações para profissionais de outros órgãos, como os da Guarda Civil Metropolitana que atuam nas apreensões do tráfico de fauna. O objetivo é capacitá-los a manejar os animais de forma menos traumática possível.
A criação de uma consciência ambiental na comunidade vizinha ao zoológico já é percebida. Moradores levam os resíduos recicláveis para os recipientes da coleta seletiva do zoo, uma pequena atitude que reduz a produção de lixo que impacta a vida de diversas espécies marinhas e terrestres.
Pequenas atitudes individuais já refletem no bem-estar da fauna. Aos pais também cabe a missão de educar os filhos com um olhar para o consumo consciente e a conservação da fauna. “Devemos conversar sobre a importância de aquele animal estar na natureza e explicar porque não matar a serpente que a criança viu no sítio do avô. Em quem as crianças mais confiam é nos pais e, partindo deles, a mensagem será a melhor possível”, finalizou Penido.