Por Dimas Marques
Editor do Fauna News
dimasmarques@faunanews.com.br
O governo de Minas Gerais inaugurou, em 31 de outubro, o Centro de Triagem e Reabilitação (Cetras) de Patos de Minas (MG). Com essa instituição, o Estado passa a contar com quatro centros de atendimento de fauna silvestre. No Brasil, agora são 46 centros, sendo que um de Manaus e o de Rondônia estão fechados.
A carência de centros de triagem e de reabilitação de animais silvestres no Brasil (Cetas e Cras) é notória. Essas instituições são as responsáveis por receber, dar atendimento veterinário e reabilitar os animais apreendidos com traficantes de fauna, em cativeiro doméstico ilegal, vítimas de atropelamentos e dos mais diversos acidentes e incidentes (choques em redes de distribuição de eletricidade, queimadas, ataques por animais domésticos, colisões com vidraças e fachadas de edificações, etc.), além de resgates em ambientes urbanos. Após serem recuperados, eles são soltos ou destinados à criadouros dos mais diversos tipos (para conservação, para pesquisa ou para servirem de matrizes para o comércio de filhotes), à zoológicos ou mantenedouros de fauna.
Minas Gerais já contava com três Cetas, todos do Ibama, situados em Belo Horizonte, Montes Claros e Juiz de Fora. O centro inaugurado quinta-feira passada está sob a gestão do Instituto Estadual de Florestas (IEF) do governo mineiro. Sua construção foi possível por meio de recursos originários de compensações ambientais de processos de licenciamento ambiental envolvendo as mineradoras Mosaic Fertilizantes e Galvani Fertilizantes negociados com o Ministério Público estadual.
As mineradoras assumiram o compromisso de investir R$ 5,5 milhões, sendo R$ 2,85 milhões para a construção do Cetras e aquisição de veículos e equipamentos e R$ 2,53 milhões para a manutenção das atividades por um período de quatro anos.
De acordo com o governo mineiro, o centro tem 1.178,87 metros quadrados de área construída. O terreno de 9.783,27 metros quadrados foi cedido pela prefeitura de Patos de Minas ao IEF.
O centro possui dois viveiros de voo para aves, oito para aves de rapina, um para répteis, cinco para mamíferos e outros oito para Passeriformes (passarinhos) e Psitacídeos (papagaios e araras, por exemplo). O local também conta com ambulatório, área de internação, quarentena de aves e mamíferos, sala de cirurgia, preparo e recuperação de animais e recepção de visitante e áreas administrativas.
A capacidade de atendimento do Cetras é de três mil animais por ano. A diretora de Proteção à Fauna do IEF, Liliana Adriana Nappi, afirmou que o centro estará em funcionamento em 30 dias.
Distribuição irregular
Brasil conta com apenas 46 Cetas e Cras para atender fauna não aquática. Desse total, estão fechados o da prefeitura de Manaus e o do Ibama de Rondônia). Os centros, além de insuficiente para receber a quantidade de animais que necessitam de atendimento, estão distribuídos irregularmente pelo país. São Paulo, por exemplo, tem 13 Cetas/Cras, enquanto o Paraná, o Mato Grosso e o Pará não têm nenhum. O único existente em Rondônia está equipado e pronto para iniciar atendimento, mas não abre por questões burocráticas.
Vale destacar que 34 centros são públicos, sendo 22 do Ibama, seis de estados e seis de municípios. O restante pertence a entidades privadas, normalmente ONGs.