Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Ação realizada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), em conjunto com o Ibama, neste domingo (4/12), apreendeu 68 aves silvestres na feira livre da São Francisco Xavier, na Rua Heitor Beltrão, na Tijuca, Zona Norte do Rio. A operação, batizada de Liberdade V, contou com a participação da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (SMPDA) e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (Icce).
Foram apreendidos 68 pássaros silvestres como canários, curiós, periquitos-verdes, coleiros, tizius, entre outros. Os animais eram vendidos sem qualquer tipo de licença e em condições de maus-tratos. Os suspeitos foram conduzidos até a sede da DPMA, onde foram cumpridas as medidas de praxe e, em seguida, foram encaminhados para o Juizado Especial Criminal (Jecrim).
– Essa operação mostra que a junção de órgãos distintos pode realizar sempre melhores resultados. A cooperação entre o Ibama, a Polícia Civil e o órgão de proteção animal da Prefeitura do Rio ainda podem fazer mais. Agradeço ao delegado Wellington, da DPMA, e ao Superintendente Daniel, do Ibama, pela compreensão. Espero que continuemos a realizar e intensificar ações que combatam de fato o tráfico de animais em nossa cidade. Destaco que esse local recebe a terceira operação policial em apenas dois anos por força da pressão que a nossa secretaria tem exercido. As ações anteriores, em 2021 e no início de 2022, foram realizadas com a Polícia Ambiental também com êxito – disse o secretário de Proteção e Defesa dos Animais, Vinícius Cordeiro.” – texto da matéria de divulgação “Operação apreende 68 animais silvestres em feira ilegal na Tijuca”, publicado em 5 de dezembro pelo site oficial da prefeitura do Rio de Janeiro.
É ótimo ver o poder público atuando contra o tráfico de fauna – ainda que só via repressão, já que não existe um trabalho sólido de educação ambiental para desconstruir o hábito das pessoas de criar animais silvestres como bichos de estimação. É melhor ainda ver que a ação repressiva contou com a participação de vários órgãos, que trabalharam juntos.
Mas é um absurdo a fala do secretário de Proteção e Defesa dos Animais da prefeitura do Rio de Janeiro, Vinícius Cordeiro, enaltecendo que o “esse local recebe a terceira operação policial em apenas dois anos por força da pressão que a nossa secretaria tem exercido.” Três operações em dois anos, em uma das feiras ponto do tráfico de fauna mais conhecidas do Rio de Janeiro, é quase nada!
Ainda mais se verificarmos que, na grande maioria dos casos, os traficantes de animais detidos assinam um termo circunstanciado na delegacia e são liberados para responder pelo crime em liberdade. Como ocorreu neste caso, já que, segundo a prefeitura, os infratores foram encaminhados para o Juizado Especial Criminal.
Infelizmente, conclui-se que o poder público age pouco na repressão ao tráfico de fauna – culpa de falta de um projeto com esse fim e de órgãos de fiscalização desestruturados que, quando atua, é pelo esforço e interesse de servidores – e não pune quem comete esse crime.