
Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
Em abril, abordamos bastante os atropelamentos de tamanduás-bandeiras, antas e onças nas rodovias do Mato Grosso do Sul. (“Mãe tamanduá e filhote morrem em rodovia no MS. Ações contra atropelamentos não surtem efeito”, “Mais uma vez, tamanduás-bandeiras são atropelados no MS. Mais uma vez, fêmea e filhote. Desta vez, o pequeno sobreviveu”, “O dia da anta foi terça-feira. Na quarta, duas foram atropeladas no MS”, “Onça-parda é atropelada em rodovia federal no MS” e “Mais uma onça-parda atropelada no MS. Esta morreu”). Esse tipo de problema não é exclusividade do Estado do Centro-Oeste e nem de estradas.
No Park Way, área urbana de mansões do Distrito Federal, uma tamanduá-bandeira e seu filhote foram atropelados em 28 de abril:
“Uma tamanduá-bandeira e seu filhote foram atropelados na noite de quarta-feira, 28 de abril, nas proximidades da quadra 18 do Park Way. Os dois animais foram resgatados pela Polícia Ambiental e levados pela manhã de quinta ao Jardim Zoológico para socorro veterinário. Infelizmente, a mãe não sobreviveu. O motorista responsável pelo atropelamento chamou a Polícia Ambiental na tentativa de reverter o dano maior.
O filhote é do sexo feminino, tem cerca de um mês de idade e segundo informações recebidas por esse blog, está fraco mais sendo cuidado com todo carinho pelo pessoal do Zoológico.
Há meses, o animal já vinha sendo visto por moradores do Park Way, em especial no trecho que vai da quadra 18 à 14. Nas redes sociais dos moradores do bairro, havia apelos para que as pessoas dirigissem com atenção e em baixa velocidade. Também era solicitado das autoridades redutores de velocidade e sinalização específica.
(…) O Park Way tem uma fauna rica em diversidade, com animais pouco vistos em áreas urbanas. Não longe dali, recentemente foi filmado um belo exemplar de Lobo Guará e também uma manada de capivara, que tem por hábito noturno fazer suas caminhadas.
Infelizmente, são múltiplos os casos de atropelamento de animais. Na maioria dos casos são animais de menor porte, marsupiais, saguis, furões, aves de todos os portes mas, em novembro de 2017, uma onça suçuarana foi vítima do trânsito.
Um bicho-preguiça só não teve o mesmo destino, pelo fato de um motorista ter parado o trânsito, tempos atrás, próximo ao Balão do Aeroporto.
Ainda assim, não há por parte do Governo do Distrito Federal, seja pela área ambiental, secretaria de Meio-ambiente e Instituto Brasília Ambiental, seja pelas autoridades de trânsito, seja pela administração regional do bairro, iniciativas para que se criem passagens subterrâneas e aéreas para animais silvestres. As poucas placas de alerta sobre a presença da vida silvestre já estão se deteriorando com a ação do tempo.
Por estar inserido dentro da Área de Proteção Ambiental Gama-Cabeça do Veado, o Park Way deveria estar contemplado em projetos de proteção da vida silvestre. O bairro vem sendo escolhido para a reintrodução de animais silvestres apreendidos pelas autoridades. Mas com que nível de segurança?
Uma característica do Park Way é que numa extremidade, ele conta com a vizinhança das unidades de conservação, do IBGE, da Fazenda Água Limpa da UnB e do próprio Jardim Botânico. Na outra ponta, estão Um bicho-preguiça só não teve o mesmo destino, pelo fato de um motorista ter parado o trânsito, tempos atrás, próximo ao Balão do Aeroporto.
Em 2018, na Estrada para o Aeroporto, um bicho preguiça foi resgatado tentando atravessar a rodovia.
Ainda assim, não há por parte do Governo do Distrito Federal, seja pela área ambiental, secretaria de Meio-ambiente e Instituto Brasília Ambiental, seja pelas autoridades de trânsito, seja pela administração regional do bairro, iniciativas para que se criem passagens subterrâneas e aéreas para animais silvestres. As poucas placas de alerta sobre a presença da vida silvestre já estão se deteriorando com a ação do tempo.
Por estar inserido dentro da Área de Proteção Ambiental Gama-Cabeça do Veado, o Park Way deveria estar contemplado em projetos de proteção da vida silvestre. O bairro vem sendo escolhido para a reintrodução de animais silvestres apreendidos pelas autoridades. Mas com que nível de segurança?
Uma característica do Park Way é que numa extremidade, ele conta com a vizinhança das unidades de conservação, do IBGE, da Fazenda Água Limpa da UnB e do próprio Jardim Botânico. Na outra ponta, estão os parques do Catetinho, do Córrego da Onça, Lauro Müller e o Luiz Cruls. Não existe um corredor ecológico seguro interligando essas duas pontas. Dessa maneira, os leitos do córregos locais, notadamente os córregos do Cedro e do Mato Seco, afluentes do Ribeirão do Gama, atuam como corredores naturais. Mas eles atravessa rodovias, pistas internas e até mesmo lotes residenciais.os parques do Catetinho, do Córrego da Onça, Lauro Müller e o Luiz Cruls. Não existe um corredor ecológico seguro interligando essas duas pontas. Dessa maneira, os leitos do córregos locais, notadamente os córregos do Cedro e do Mato Seco, afluentes do Ribeirão do Gama, atuam como corredores naturais. Mas eles atravessa rodovias, pistas internas e até mesmo lotes residenciais.” – trechos da matéria “Tamanduá-bandeira mamãe é atropelada no Park Way”, publicada em 19 de abril de 2021 pelo blog Brasília, de Chico Sat’Anna
Na mesma noite de 28 de abril, dessa vez no interior paulista, a vítima foi uma anta.
“Uma anta foi atropelada ontem à noite, na Rodovia General Euclides de Oliveira Figueiredo (SP-563), entre Presidente Venceslau e Ouro Verde. O animal não resistiu ao impacto da batida contra um carro e morreu ainda no local.

A anta atropelada era fêmea, e pesava cerca de 150 kg. Segundo a Polícia Militar Ambiental, quando a equipe chegou ao local o policiamento territorial já prestava os primeiros atendimentos e fazia a sinalização da área para preservar o ambiente.
De acordo com os militares, no veículo envolvido no acidente havia três pessoas. O motorista, 24 anos, relatou que após passar pela ponte sobre o Rio do Peixe, avistou um animal sobre a rodovia, tentou desviar e frear, porém, não a tempo de evitar o choque frontal.” – trecho da matéria “Anta morre após ser atropelada na Rodovia SP-563”, publicada em 29 de abril de 2021 pelo site do jornal O Imparcial
No caso do Distrito Federal, chama a atenção a ausência do poder público em buscar soluções para a situação. As vias estão cercadas de áreas com vegetação conservada, onde são realizadas até solturas de animais silvestres. Associações de moradores têm se manifestado e pedido ajuda do governo do DF, segundo o blog, mas nada.
Infelizmente, parece que estão esperando morreu um morador do nobre setor de mansões em uma colisão com animal silvestres para tomar providências. A vida da fauna não vale nada mesmo para esses gestores.