Análise de Dimas Marques
Editor-chefe
dimasmarques@faunanews.com.br
“Equipes de Policiamento do Semiárido e do Comando da Polícia Ambiental (CPA) prenderam dois caçadores com animais mortos, armas e cães em uma área do Parque Nacional da Serra das Confusões, localizado em Serra Grande, município de Caracol, Sul do Piauí. Os envolvidos foram conduzidos para a delegacia de São Raimundo Nonato.
O grupo responsável pela proteção da unidade de conservação piauiense realizava um patrulhamento na área quando avistaram os infratores de iniciais C.D.A e P.M.A., ambos pilotando motocicletas em meio à vegetação.
Os agentes do CPA, Capitão. Odair, CB Negreiros e SD Aécio, instauraram uma rápida abordagem e constataram que, de forma distribuída, as motocicletas transportavam 02 cães de caça, 02 espingardas “cartucheiras” de fabricação semiartesanal, 25 aves silvestres, da espécie “Zabelê”, 02 aves silvestres da espécie “jacu”, 01 ave silvestre da espécie “juriti”, 01 animal silvestre da espécie “tamanduá-mirim”, além de alguns apetrechos de caça.” – texto da matéria “PI: Caçadores são presos com vários animais mortos em parque ambiental”, publicada em 6 de dezembro de 2020 pelo portal Meio Norte (PI)
O combate à caça tem de passar, necessariamente, por ações que envolvam sensibilização da população para desestimular essa prática. Só com um projeto de educação ambiental contínuo, o problema será efetivamente reduzido.
Em certas áreas do país, a caça tem forte motivação cultural por ser uma prática realizada “desde sempre”. Sem um trabalho de mudança de costumes, esse crime continuará sendo praticado. Afinal, a legislação é extremamente branda no trato com os infratores, que raramente são realmente punidos – na legislação brasileira, a caça é um crime de “menor potencial ofensivo”, com pena de até um ano de detenção e multa (sem considerar possíveis agravantes).
As ações de fiscalização são necessárias, mas não vão resolver. Esse crime torna-se ainda mais impactante por estar ocorrendo dentro de um parque nacional, ou seja, em uma unidade de conservação de proteção integral que abriga ecossistemas conservados que se mantêm saudáveis pela presença de animais silvestres, além de fauna ameaçada de extinção.
No interior do Piauí, a prática da caça é frequente e bastante difundida. Vale lembrar que em 18 de agosto de 2017, o vigilante Edilson Aparecido da Costa Silva, que atuava na fiscalização do Parque Nacional Serra da Capivara foi morto durante confronto com caçadores.
Os dois parques nacionais, da Serra das Confusões e o da Serra da Capivara, são vizinhos, abrigam remanescentes intactos da Caatinga e sofrem da mesma pressão dos caçadores. Além de educação ambiental, o poder público tem de desenvolver atividades econômicas que valorizem os parques nacionais e estaduais, tornando-os fontes de renda para a população local. E potencial, com a riqueza da Caatinga e das pinturas rupestres, ambas as unidades têm.