UNIVERSO CETAS – Em Pernambuco, um 2019 com mais de 12 mil animais atendidos pelo Cetas Tangará

22 de janeiro de 2020

Por Yuri Marinho Valença
Biólogo, mestre em Biologia Animal pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É coordenador do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) Tangará da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), em Recife, e coordenador técnico do projeto de reabilitação, soltura e monitoramento de papagaios-verdadeiros intitulado de Projeto Papagaio da Caatinga
universocetas@faunanews.com.br

O Cetas Tangará (Centro de triagem de de reabilitação de animais silvestres de Pernambuco) da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH) é responsável pelo acolhimento, tratamento e destinação dos animais silvestres do Estado. O centro funciona desde fevereiro de 2016 na atual sede e já recebeu mais de 40 mil animais e soltou mais de 25 mil ao longo destes anos (tabela ao lado). 

Seguindo o que o Marlon Cezar Cominetti escreveu na coluna Universo CETAS da última quarta-feira, 15 de janeiro (2019 acabou: um breve resumo de um grande trabalho no MS), venho mostrar um pouco da realidade de entradas de animais silvestres na região Nordeste, que tem suas especificidades.

Os recintos do Cetas Tangará receberam 12.674 animais em 2019Em 2019, tivemos um total de 12.674 animais recepcionados no Cetas, sendo esse número bem expressivo ao que vem sendo visto nos anos anteriores, pois tivemos um crescimento vertiginoso nos três primeiros anos (período inclui 2015, ano em que o Cetas ainda funcionava em sede provisória) e que agora parece estagnar nos dois últimos anos.

As entradas de animais no Cetas Tangará se caracterizam por ter origem, em sua grande maioria, nas apreensões dos órgãos de fiscalização. São grandes montantes de espécimes advindos do comércio ilegal nas feiras livres e de interceptações de veículos com carregamentos advindos de estados do Sudeste, a região é a maior fornecedora de animais para o tráfico no Nordeste, e do Centro-Oeste, com as inúmeras apreensões de filhotes de papagaios que são retirados dos ninhos.

As entregas voluntárias (quando a população entrega animais) e os resgates (quando agentes públicos recolhem animais em situação de risco ou vítimas de atropelamentos, acidentes com rede de distribuição de eletricidade, etc.) são os responsáveis pela outra parcela das entradas, significando cerca de 20% do total de entradas em 2019. O grande gargalo contra a eficiência no processo de triagem e recepção dos silvestres é ainda a falta de estrutura dos órgãos de resgate, além da falta de definição em lei de quem é a obrigação em atender os animais necessitados de resgate que precisam ser levados aos centros de triagem e de reabilitação (Cetas e Cras).

Manejo de galo-da-campina por profissional do Cetas TangaráDos grupos faunísticos, igual ao Cras do Mato Grosso do Sul, as aves lideram o ranking de entradas, sendo os Passeriformes (pássaros) os mais recepcionados. As principais espécies que chegam ao Cetas Tangará são as campeões de apreensões do tráfico como o galo-da-campina (Paroaria dominicana), o golinho ou patativa (Sporophila albogularis), o canário-da-terra (Sicalis flaveola) e o papa-capim-capuchinho ou coleirinho-baiano (Sporophila nigricollis), além do papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), que tem origem na entrega voluntária e tem aumentado bastante em quantidade devido às campanhas de entregas e à repercussão do projeto de soltura dessa espécie (gráfico abaixo).

Esse ano ainda tivemos que batalhar contra outro inimigo cruel da fauna que foi o desastre das manchas de óleo que atingiram as praias do Nordeste. Graças a Deus, o susto foi maior do que as reais incidências. Infelizmente, a maioria dos animais já chegava em óbito.

Com isso fica a reflexão: estamos aumentando o quantitativo de apreensões e estamos vivendo num momento coletivo de consciência quanto a fazer o bem para a natureza entregando seu animal, ou o tráfico continua crescendo e esse indicio das entregas não corresponde ao fim dessa atividade criminosa e sim está correspondendo à ascensão da atividade no estado de Pernambuco? 

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